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adopted a qualitative research method, using combined procedures of bibliographic research,
documental research and field research. Four experiences were chosen as case studies,
contemplating the two strands approached by the project (conformations and counterpoints): Serviço
Nacional de Aprendizado Industrial (SENAI), Brasil; Centro Experimental de la Vivienda Económica
(CEVE), Córdoba, Argentina; Instituto da Construção, Brasil; Mulheres de São Carlos Construindo
Autonomia, Brasil. As a result, it is possible to realize, firstly, that professional education promoted
by the private sector and by public-private partnerships is closely related with the profound changes
ocurred in real estate and in construction, in a wider context of economy financialisation and diffusion
of a more flexible organization of work. Secondly, initiatives such as CEVE, promoted by the third
sector, articulated with public sector and/or private sector, differ by establishing a direct intervention
in low income population’s reality, through technological transference in constructive systems and
full management logic of habitat, which addresses housing in a wider context of a social problem.
Keywords:
Construction; Professional education; Housing policies, real estate, technological
transference.
1. INTRODUÇÃO
1.1. Contexto atual das atividades do setor da construção civil e a produção em escala da
habitação no Brasil
A partir dos anos 2000 ocorreu uma visível elevação das atividades da construção civil no Brasil,
diante da estabilização macroeconômica, da implementação de programas públicos de
financiamento à infraestrutura e à habitação, da redução da taxa de juros e de outros fatores. O
mercado imobiliário e o capital financeiro passaram a ocupar um papel importante na produção
habitacional do período. Grandes empresas privadas de construção civil, em sua maioria, de capital
aberto na Bolsa de Valores, se beneficiaram dos programas de incentivos públicos e puderam
ampliar seu mercado, voltando seus recursos para a produção massiva de habitação,
principalmente dentro do chamado “segmento econômico”, para habitações com valor máximo de
até R$200 mil reais, e voltadas para uma faixa da população de menor poder aquisitivo, com renda
de até 10 salários mínimos (SHIMBO, 2010). O programa federal Minha Casa, Minha Vida (MCMV)
foi criado em março de 2009, após a crise internacional de 2008, com a promessa de alavancar a
produção habitacional através de linhas de subsídio garantidas às empresas construtoras. Além
disso, o programa se justificava por seu papel de política social de grande escala, com a geração
de empregos e a provisão de moradias.
1.2. A formação profissional do trabalhador na construção civil
Entre as consequências desta abrupta elevação das atividades da construção civil está o gargalo
resultante da grande falta de mão de obra qualificada para atender às novas demandas. Esta nova
realidade produtiva exige profissionais com conhecimentos, em grande parte, também novos e mais
especializados, que correspondam às transformações recentes do setor.
Nilton Vargas em 1980, e Marta Farah em 1996, pautaram discussões sobre a o predomínio
histórico das atividades manuais na construção civil e a estrutura de ofícios existente mantida por
uma tradição do “saber-fazer”, aspecto que ainda hoje está presente nas relações de trabalho do
setor. A questão da perpetuação da desqualificação do trabalhador da construção civil vem sendo
questionada pelas pesquisas e pela literatura a partir da década de 2000. Pesquisas apontam para
o surgimento de novas funções que se distanciam dos saberes tradicionais da manufatura, alinham-
se ao processo de industrialização e respondem diretamente às demandas dessa nova lógica