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acesso ao sistema de transportes públicos coletivos, promovendo também a equidade nos
deslocamentos.
A integração modal é então entendida pela utilização de dois ou mais modos diferentes para a
realização de uma mesma viagem, devendo ser considerados os diversos elementos capazes de
contribuir para tal. No caso da integração entre a bicicleta e o BRT, a interface dessa associação
pode se estabelecer de duas formas, seja pelo transporte da bicicleta dentro do modal coletivo ou
pelo seu uso somente a partir das estações, demandando a presença de espaço para
armazenamento, como bicicletários (AQUINO, 2007).
Dado o enfoque nos elementos do ambiente construído relacionados ao desenho e planejamento
urbano, será abordada a integração por meio do armazenamento no entorno próximo das estações,
mais aprofundada no capítulo a seguir.
Cabe ressaltar que, a interface entre os modais constitui apenas um dos importantes componentes
para tal integração. Outros elementos, principalmente relacionados à composição da forma urbana,
compõem também maneiras de favorecer o uso dos dois modais em associação. A bicicleta, como
veículo mais frágil, acaba por demandar algumas transformações que tornem o ambiente mais
favorável ao seu uso.
4. CICLABILIDADE NO ENTORNO DAS ESTAÇÕES
Como forma de orientar as ações para propiciar o uso da bicicleta no meio urbano, é necessário
compreender que elementos fazem parte das demandas dos ciclistas, para que então o projeto e o
planejamento urbano possam intervir a esse favor. A fim de nomear esse aspecto em análise,
usaremos o termo ciclabilidade, um neologismo para designar o quão convidativo para o uso da
bicicleta é determinado espaço. Alguns outros estudos apontam o termo “bikeability”, referindo-se
a essa mesma noção (KRENN; OJA; TITZE, 2015).
Para identificar os elementos que tornam um ambiente ciclável, assim como os níveis de relevância
de cada componente, é realizada revisão bibliográfica, tendo como referência a abordagem por
meio de índices de ciclabilidade, aplicados em diferentes contextos urbanos. Um índice é uma
ferramenta capaz de sintetizar um conjunto de características de uma determinada área. A
construção desta síntese parte do estabelecimento de um conjunto de indicadores que, através de
métricas indicativas desses elementos, determinam uma pontuação para cada aspecto analisado.
Observando os pontos comuns dos indicadores apresentados nas referências estudadas e,
confrontando-os com algumas das especificidades locais, é possível traçar importantes diretrizes
para o fortalecimento do uso da bicicleta como transporte urbano no contexto carioca.
Tratando-se das especificidades do contexto brasileiro, é tomado como base o Perfil do Ciclista
Brasileiro(2015). A pesquisa feita em diferentes capitais, primeira sobre o assunto realizada no
Brasil, visa identificar as principais características e demandas dos usuários da bicicleta, sobretudo
como meio de transporte urbano.
4.1 Principais dimensões da ciclabilidade
Dentre os índices analisados, os elementos relacionados à segurança dos ciclistas resultam como
principal questão para pedalar. Essa demanda, principalmente associada ao trânsito e aos riscos
de colisão com outros veículos, impacta diretamente no desenho das vias, hoje prioritariamente
destinadas ao automóvel.
Com isso, a presença de vias destinadas à bicicleta se mostra como ponto fundamental, sendo
apontada como métrica de maior peso em diferentes contextos e índices (PUCHER; DILL; HANDY,
2010). Quanto maior a segregação dessas vias com relação ao veículo motorizado, maior a