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1919

Na cidade do Rio de Janeiro, em função dos grandes eventos sediados, tais como a Copa do Mundo

e as Olimpíadas, foram realizados altos investimentos para a ampliação da rede de transportes,

visando facilitar o acesso aos locais dos jogos. Nos transportes coletivos, uma das mais

significativas transformações se deu na implantação do sistema de BRT (Bus Rapid Transit -

Transporte Rápido por Ônibus), em quatro linhas troncais: TransOeste, Transcarioca, Transolímpica

e Transbrasil. O sistema de faixas segregadas para ônibus, gerou profundas mudanças na

configuração urbana das áreas onde foi implantado, incluindo o redesenho de vias estruturantes em

alguns bairros, destacadamente no eixo Transcarioca (IZAGA, 2014).

Assim, a partir da noção de mobilidade sustentável como prática desejada para a cidade do Rio de

Janeiro, o presente estudo busca abordar a integração esses dois modais – BRT e bicicletas.

Considerando a linha Transcarioca e sua inserção urbana, são avaliadas maneiras de potencializar

sua complementaridade com a bicicleta, sob o olhar das infraestruturas e do projeto urbano, levando

em conta as demandas mais comuns entre os ciclistas. Com isso, espera-se apontar mecanismos

para a formação de um ambiente mais amigável ao ciclista no entorno das estações de BRT, de

forma a incentivar a integração entre os dois modos.

2. MOBILIDADE SUSTENTÁVEL NO PLANEJAMENTO CARIOCA

A busca por constituir um sistema integrado de transportes parte da contribuição que o mesmo pode

dar para a sustentabilidade na mobilidade urbana. A sustentabilidade, como conceito polissêmico,

é trabalhada por diversos autores, com desdobramentos em diversas áreas do conhecimento. Com

o crescimento da preocupação ambiental na década de 1980, a questão tem se voltado cada vez

mais para os deslocamentos urbanos, uma vez que o transporte motorizado constitui um dos

principais emissores de gases do efeito estufa, além de serem grandes consumidores de

combustíveis fósseis. Soma-se a essa discussão, a dimensão social, que envolve também o acesso

equitativo aos meios de deslocamento. Ainda, a mobilidade precisa ser pensada sob seu aspecto

econômico, de forma que os transportes utilizados também contribuam positivamente para um

desenvolvimento equilibrado.

Partindo deste pressuposto, a mudança desejada envolve investir em formas de tornar a rede de

transportes mais eficiente, passando principalmente pelos modos coletivos, sobretudo na realidade

brasileira, pois constituem uma das formas mais utilizadas para os deslocamentos diários, tornando-

se um importante meio para a equidade. Fica também evidenciada a importância dos transportes

ativos, como meios menos poluentes e uma importante contribuição para o bem-estar no ambiente

urbano.

No Brasil, o planejamento dos transportes vem apontando para essa mudança de paradigma, porém

com muitas limitações a serem enfrentadas ainda em termos práticos. Com a instituição da Política

Nacional de Mobilidade Urbana (PNMU) na esfera federal, o favorecimento dos transportes não

motorizados, bem como dos transportes coletivos e a integração entre eles, foi apontada como um

dos princípios para o planejamento da mobilidade nas cidades. A PMNU obriga também aos

municípios com mais de 20.000 habitantes a elaboração de Plano de Mobilidade Urbana, o qual

deveria garantir a aplicação de tais princípios no planejamento local dos transportes (PNMU,2012).

No Rio de Janeiro, o Plano de Mobilidade Urbana Sustentável(PMUS) vem sendo elaborado de

forma a atender as exigências e demandas então apontadas pela Política Nacional. No diagnóstico

realizado pelo plano, a integração modal entre a bicicleta e o transporte coletivo é também

ressaltada como uma ação estratégica para a mobilidade carioca. No entanto, o PMUS identifica

também que muitas das ações nesse sentido ainda estão em fase de implantação ou mesmo se

constituem como pontos a serem solucionados (PMUS,2015).