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1918

1. INTRODUÇÃO

Com o crescimento acelerado das cidades, a preocupação com o meio ambiente e a qualidade da

vida urbana ganha cada vez mais força. Um dos elementos determinantes para essa discussão diz

respeito às formas de deslocamentos na cidade, trazendo a questão da mobilidade para a pauta

das discussões de urbanistas e planejadores.

Associado a isso, a agenda da sustentabilidade, emergente nas últimas décadas, demanda por

mudanças urgentes no paradigma desses deslocamentos. Estes, passam a ser pensados não

somente por uma perspectiva de eficiência pela velocidade, mas também sob o olhar da igualdade

social e da eficiência econômica, além da busca por alternativas menos poluentes e que permitam

a preservação dos recursos naturais.

Como forma de avançar na construção da mobilidade sustentável, novas tecnologias e modais de

transporte ativo vêm sendo alvo de diversos estudos. O predomínio dos modais motorizados,

sobretudo o automóvel particular, especialmente valorizado no contexto brasileiro, levou a altos

níveis de poluição e engarrafamentos, tornando necessário repensar a opção de priorização deste

tipo de veículo, adotada até então.

Entretanto, além dos modais em si, um importante componente para tal transformação diz respeito

à forma urbana, a qual é capaz de favorecer determinados modos de deslocamento. No desenho

urbano atual, o espaço viário destinado ao automóvel, domina grande parte do espaço público,

ainda que apenas 30% da população, em média, utilize essa forma de transporte na maioria das

cidades brasileiras (ITDP, 2016). Por outro lado, o espaço urbano também se constrói a partir das

dinâmicas que nele ocorrem, fazendo com que as mudanças nas demandas de deslocamento

tornem necessárias também transformações na forma da cidade e na constituição do espaço

público.

Com isso, a sustentabilidade nos transportes envolve os tipos de deslocamentos realizados assim

como a forma urbana e suas infraestruturas. Entre os modais, a valorização do transporte público

coletivo vem sendo apontada como uma das principais formas de democratização da mobilidade e

com maior potencial para a redução do uso do automóvel particular, tendo por consequência uma

melhora na relação com o meio ambiente (VASCONCELLOS, 2007).

Além dos transportes coletivos, a bicicleta tem sido abordada em diversos estudos como um modal

de transporte capaz não só de contribuir para a mobilidade sustentável, mas também um meio mais

saudável de transitar na cidade (AQUINO; ANDRADE, 2008). Embora muitos sejam os benefícios

apontados no uso da bicicleta, no Brasil ainda são pequenos os esforços no intuito de estabelecer

um ambiente urbano voltado também para este modal.

Apesar de todas as vantagens, o uso da bicicleta se mostra mais eficiente para viagens de curta

distância (FERREIRA, 2007). No contexto do Rio de Janeiro, semelhantemente a diversas cidades

brasileiras, o crescimento urbano se deu de maneira espraiada, de forma que boa parte da

população necessita realizar grandes trajetos para as suas atividades diárias, sobretudo nos

deslocamentos casa-trabalho (PERFIL DO CICLISTA, 2015).

Considerando, então, esses dois importantes modos – transportes coletivos e bicicleta – como

estratégicos para um sistema de transportes sustentável e, avaliando suas limitações

principalmente no contexto carioca, a integração entre eles pode se tornar uma ferramenta de

grande potência para a mobilidade, se exploradas suas principais vantagens. Com uma rede

integrada, o transporte coletivo ganha maior abrangência, atraindo usuários de áreas mais

distantes, enquanto a bicicleta, pode ser utilizada como parte de um trajeto maior (CERVERO;

CALDWELL; CUELLAR, 2013).