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Como principais diretrizes para favorecer a integração entre o transporte coletivo (média e alta
capacidade) e a bicicleta, o Plano se refere à implantação de bicicletários nas estações dos
coletivos, assim como a ampliação da rede cicloviária e sua conectividade com outros modais
(PMNUS,2015), hoje ainda pouco expressiva. Tais ações dizem respeito não somente ao
planejamento dos transportes, mas envolve também medidas associadas ao desenho urbano,
exigindo rearranjos dos espaços existentes. Com isso, para que a mudança de paradigma desejada
ocorra de maneira efetiva, a forma urbana precisa também ser transformada para então abarcar
essas novas dinâmicas.
Todavia, o planejamento da mobilidade sustentável carioca por meio da integração modal encontra
grande obstáculo para sua efetivação devido aos atores envolvidos. Alguns dos transportes
coletivos (especialmente o sistema rodoviário), bem como o plano de mobilidade, encontram-se sob
responsabilidade da Secretaria de Transportes, enquanto os modais ativos têm se tornado uma
preocupação crescente da Secretaria de Meio Ambiente, atual responsável pelo planejamento
cicloviário. Soma-se a este quadro, o pouco envolvimento da Secretaria de Urbanismo, ainda que
a questão seja de grande relevância para o planejamento da cidade. Com visões distintas e pouco
diálogo entre si, as práticas no campo da mobilidade tornam-se ainda muito pontuais, dificultando
sobretudo as possibilidades de integração.
3. BRT TRANSCARIOCA, UM COMPONENTE DA INTEGRAÇÃO
O sistema de BRT foi implantado no Brasil pela primeira vez na cidade de Curitiba, constituindo uma
referência que, posteriormente, foi adotada de forma semelhante por outras cidades ao redor do
mundo (VASCONCELLOS et al., 2010). Como diferencial, o sistema de ônibus conta com via
exclusiva e segregada, além do pagamento realizado na estação, que confere maior agilidade ao
embarque.
Embora o BRT apresente capacidade de passageiros inferior aos modais sobre trilhos, sua
implantação se dá de forma mais rápida e mais barata, uma vez que aproveita a rede viária existente
para sua inserção (ALEXANDRE; BALASSIANO, 2012). Com isso, dado o contexto dos grandes
eventos no Rio de Janeiro, o sistema se mostrou como solução mais imediata para determinados
eixos.
O corredor Transcarioca em especial, representou um grande impacto na mobilidade da cidade,
promovendo a ligação entre a Barra da Tijuca e o Aeroporto do Galeão. Assim, aumentou a
capacidade de deslocamentos num eixo transversal da cidade, antes atendido apenas por linhas
de ônibus convencionais e outros modais de baixa capacidade, como vans e combies.