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água (COOK et. al., 2009). É o que acontece em países como Japão e Alemanha, onde existem
sistemas de grande infra-estrutura para tratamento e reúso da água (ASANO et. al., 1996). Em
contrapartida, Mandak et. al. (2010) afirmam que, para regiões emergentes onde o custo com
grandes obras de infra-estrutura em escala nacional não é viável, sistemas locais de reutilização de
água são as opções mais funcionais. Outros pesquisadores também destacam o papel que a
aceitação da comunidade exerce na implantação efetiva de sistemas alternativos de fornecimento
de água (HURLIMANN e DOLNICAR, 2010). Outro fator de grande importância é o custo de
implantação e manutenção desses sistemas. Muitas vezes o preço da água fornecido pelo sistema
de abastecimento convencional é baixo e, nesse caso, a substituição por fontes alternativas
dificilmente ocorre. FRANCI e GONÇALVES (2012) constataram que, devido ao sistema de
tarifação social dos serviços de abastecimento de água e de esgotamento sanitário vigentes no
Brasil, é impossível o emprego economicamente viável de sistemas de reuso para populações de
baixa renda no país. Frente a isso, os autores destacam a necessidade de desenvolvimento de
tecnologia apropriada e de baixo custo para a produção e o aproveitamento de água de reuso em
habitações de interesse social (HIS), bem como o desenvolvimento de políticas públicas
compensatórias do baixo custo da água e do gerenciamento de esgoto. Tais medidas são
importantes para viabilizar a prática de conservação de água e de redução de esgoto sanitário em
áreas urbanas de baixa renda.
2. OBJETIVO
Este trabalho apresenta um ensaio projetual de sistemas de tratamento de água cinza para reúso
não potável em HIS do Residencial Jabaeté, em Vila Velha (ES). Considerou-se que a água de
reúso será utilizada em descargas sanitárias, rega de jardins e limpeza doméstica; e o tipo de
tratamento utilizado no projeto é o sistema de Filtro anaeróbio (FAN) seguido de Wetland horizontal.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
A representação do bairro e das configurações originais das residências do Jabaeté foi possibilitada
por meio dos projetos disponibilizados e das visitas a campo (Figura 1 e 2). Todas as casas seguem
um mesmo padrão, conforme um conjunto de características comuns nas habitações de interesse
social no Brasil; contendo dois quartos, cozinha, sala, banheiro e área de serviço, acabamento
cimentado no piso, laje somente no banheiro para a caixa de água, tubos e conexões em PVC,
material sintético para a pia da cozinha e do tanque (FITTIPALDI, 2008).
Figura 7 - Foto do Residencial Jabaeté.
Figura 2 - Planta padrão da unidade
habitacional.