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Salienta-se a importância do projetista enquanto sujeito que interfere no espaço e o modifica.
Romero apud Lynch (1980) destaca o quão importante é o papel do “planejador” na cidade e põe à
luz os componentes físicos do clima, como a temperatura, a umidade, a precipitação, a
nebulosidade, a velocidade e direção dos ventos, além dos fatores externos ao clima.
Em relação à formação do arquiteto e urbanista, as diretrizes curriculares nacionais do curso de
Arquitetura e Urbanismo evidenciam que a formação deve criar condições para que os estudantes
possam lidar adequadamente com as questões que fazem parte dos estudos em conforto
ambiental. A resolução nº 6 de 2 de fev 2006, art. 5º, alínea “b” salienta a necessidade pedagógica
da “compreensão das questões que informam as ações de preservação e de avaliação dos
impactos
no meio ambiente, com vistas ao equilíbrio ecológico e ao desenvolvimento sustentável”
(MEC-CNE/ CES, 2006, grifos nossos). Neste sentido o estudo da aerodinâmica das construções,
sobretudo as simulações de seus fenômenos, revela-se como disciplina necessária para o
profissional da área de conforto Ambiental.
Não somente do ponto de vista da prática acadêmica, o mercado de trabalho pede por soluções
rápidas que, correntemente, simplifica os seus métodos e sintetiza os dados. Este sintoma ora é
devido pela de falta de tempo para análises mais complexas ou mesmo as limitações são devidas
a questões financeiras. (CUNHA, 2010). Além disso, o arquiteto de formação generalista possui
dificuldade em lidar com questões mais complexas de ventilação nos projetos, pois os
conhecimentos nos softwares em CFD são limitados. Segundo Cunha (2010, p. 15) o desinteresse
aos métodos de “predição da ventilação natural” é percebido no meio acadêmico, mesmo quando
terem tido as disciplinas que abordam isso, como a disciplina de conforto ambiental. Como resultado
disso temos trabalhos que desconsideram análises importantes para uma boa ventilação natural.
Neste ponto fica o questionamento que este trabalho propõe responder, qual a forma adequada de
simular os ambientes de forma rápida e acessível?
Segundo também sustenta Trindade (2006, p.17) as simulações de dinâmica dos fluídos “são
praticamente ignoradas por arquitetos em geral”, tanto devido aos conhecimentos técnicos que
ainda são poucos abordados na graduação em Arquitetura e Urbanismo quanto pela complexidade
destas ferramentas que, majoritariamente, apresentam dados que, na maioria dos cursos, são
pouco abordados, como os conceitos de fluidodinâmica e mecânica dos fluídos que permitiriam
entender melhor os efeitos dos ventos sobre as edificações. Destaca-se além disso a manipulação
no meio computacional.
Os modelos esquemáticos apresentados nos livros, fruto de análises e recomendações empíricas,
são referências acessíveis, mas não são o bastante para apresentar informações precisas em todas
as fases de projeto. Segundo Cunha (2010, p.14) a sua utilização como único recurso projetual
pode tornar o processo equivocado para situações mais complexas, visto que são situações mais
genéricas. Ainda de acordo com Trindade (2006, p.17) “a simulação computacional tem se tornado
uma alternativa cada vez mais viável em relação ao túnel de vento, sendo mais acessível para
grupos de pesquisa de pequeno e médio porte.” Com vistas a contribuir para o preenchimento
destas lacunas busca-se neste artigo analisar a aplicação de instrumentos de modelagem
computacional baseada em linguagem CFD (Computational Fluids Dynamics) no ensino do projeto
arquitetônico e urbano.
Conforme destacado por Drach (2016, p. 81-82) os
programas computacionais são importantes na
análise dos efeitos do vento. Ainda de acordo com a autora, os programas permitem que os projetos
sejam “previamente testados, reduzindo a possibilidade de erros”, e ainda oferecem dados rápidos
e intuitivos, não somente numéricos, mas em escalas de cores, algo que é familiar à formação visual
dos alunos de Arquitetura e Urbanismo. Além de apresentar as ferramentas e os recursos digitais a
que se tem acesso para oportunizar uma melhoria na qualidade no processo cognitivo de projeto.