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públicas (universidades e programas governamentais) e que abordam diversas técnicas dentro de

um mesmo curso e oferecem uma visão sistêmica do assunto (JOAQUIM, 2010).

Para complementar o rol de alternativas de capacitação, ainda há publicações como cartilhas,

manuais e cadernos técnicos, que segundo Andrade (2014), podem ter diferentes abordagens e

níveis de aprofundamento, como por exemplo o manual

Talleres Proterra – Instructivo para la

organización (

2011), que ensina instrutores a organizar oficinas de construção com terra e destina-

se ao público técnico, diferentemente da cartilha elaborada pelo Ministério do Meio Ambiente em

2008, denominada ‘Curso de Bioconstrução’, que traz uma linguagem mais fácil e destina-se a

qualquer pessoa, com conhecimentos anteriores sobre o assunto ou não.

Assim, este artigo discorre sobre o tema educação para construção com terra crua e apresenta um

panorama das práticas pedagógicas sobre o assunto. Desse escopo, definiu-se o problema desta

pesquisa: quais os métodos de ensino e ferramentas utilizadas no processo da ação pedagógica

da transferência do conhecimento da construção com terra? Como se organizam e como são seus

planos de ensino para atingir aos diversos públicos?

2. OBJETIVO E MÉTODO

Na identificação de pesquisas anteriores sobre o assunto, percebe-se que são mais frequentes as

publicações relacionadas às questões específicas e técnicas (respostas sísmicas de edifícios de

terra, propriedades das paredes e desempenho térmico, por exemplo). Mas há autores, ainda que

poucos, como Rotondaro, Mascitti (2012), Joaquim (2015), Garzon, Neves (2007), Mellace (2003)

que abordam a temática relacionada à transferência de tecnologia, capacitação e educação para

construção com terra.

Para responder ao problema anunciado, este artigo tem como objetivo geral identificar e caracterizar

as ações de transferência e capacitação da tecnologia de construção com terra. Trata-se de uma

pesquisa bibliográfica e documental, que contempla (com base em Moreira, 2005 e Nascimento,

2009): (1) Identificação de documentos: panorama geral de cada uma das referências estudadas;

(2) Análise do conteúdo: conceitos, ideias, objetivo, formato, surgimento e desenvolvimento das

entidades e dados gerais (início do curso, ementa, programa, carga horária total); (3) Padronização

do formato; (4) Análise comparativa das referências que permitem identificar as semelhanças e as

diferenças entre eles.

Foram selecionados para este estudo

as seguintes referências, por

seus programas, planos e

conteúdos estarem disponíveis, com acesso via Internet:

a.

PIRATE (

Provide Instructions and Resources for Assessment and Training in Earth

Building)

,

é um projeto internacional financiado pela Comissão Europeia que teve duração de

36 meses (out. 2012 – set. 2015) que compreendeu o ensino e formação de profissionais da área

de construção de oito países (República Tcheca, França, Alemanha, Portugal, Eslováquia,

Espanha, Sérvia e Reino Unido) e dezoito organizações ligadas à construção com terra, que

estabeleceram parcerias apoiadas pelos diferentes programas da União Européia, com o objetivo

de trocarem experiências, desenvolver materiais pedagógicos e registar boas práticas (Ferreira,

2015), tendo trabalhado juntos os profissionais do setor da construção, do ensino e da formação

profissional. O curso atende 3 níveis de conhecimento e formação (nível 3 - pedreiros, nível 4 -

mestres de obra e nível 5 - arquitetos/engenheiros).

b.

Curso de capacitação para construção de paredes de solo cimento em sistema de taipa

de pilão/UFMS:

curso oferecido para construtores, mestres de obra e pedreiros em 2014,

desenvolvido no âmbito de projetos do grupo de pesquisa “Sustentabilidade no Ambiente

Construído” do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Mato Grosso do

Sul (UFMS).