Table of Contents Table of Contents
Previous Page  2068 / 2158 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 2068 / 2158 Next Page
Page Background

2068

Identificam-se correntes de pensamento e de ação que buscam interferir de maneira global, seja de

forma a repensar a utilização dos recursos e da organização das redes de comunicação,

infraestrutura e interação entre as pessoas para contribuir na construção de um novo equilíbrio

global (LOW, 2014); identificam-se pensamentos e ações que buscam na dinâmica da cidade

existente a sua própria solução e lançam mão de processos participativos de construção ou

reconstrução da urbanidade, de processos de construção da solidariedade, (MAZZANTI, 2014) ou

de reconstrução de uma morfologia urbana que privilegia o espaço público e o encontro da

diversidade, como as ideias contidas na proposta da cidade radicante de Jana Revedin (2014).

Ainda, presente neste contexto, aquelas ideias que colocam como prioritária a construção do habitat

para todos, a moradia e as condições de habitabilidade, os modos de morar que privilegiem o bem

estar público, o respeito à diversidade, à urbanidade e à cidadania. Aqui são inúmeros os trabalhos

pelo mundo inteiro, de arquitetura e de urbanismo como o chileno Grupo Elemental, ou o brasileiro

Usina, sem falar dos grupos que atuam nos espaços solidários em todas as partes do mundo,

reinventando práticas tradicionais, nos Coletivos de todas as nacionalidades atuando nas áreas

periféricas do mundo, da América Latina à Ásia, em escala local revertendo práticas e introduzindo

novas teorias.

Diferentes em suas estratégias trazem em comum a aproximação com as forças criativas das

utopias, transformadas na ideia de futuros possíveis, ideia sintetizada de forma muito apropriada

por Bernardo Secchi (2006), postas em ação para buscar o enfrentamento dos desafios colocados,

muitas das vezes, pela inconsequência da lógica de urbanização, de desenvolvimento a todo custo,

de consumo ilimitado de todos os recursos disponíveis que alimentam a desigualdade e este imenso

“planeta favela” (DAVIS, 2006). Em comum também, a importância da relação de interação do

intelectual detentor do conhecimento técnico com a comunidade, ou com os indivíduos para os

quais a intervenção se destina.

O arquiteto, por constituir um dos elementos principais na produção dos espaços, deve ter em mente

o seu fundamental papel na transformação social, cultural e ambiental, a partir da criação de uma

consciência mais sustentável entre os atores urbanos. Assim, é de extrema importância o olhar

sobre essas reflexões para a composição de espaços que gerem menos impacto sobre a natureza

e sociedade, para a urgente ruptura com essa inconsciência globalizada, para nossa própria

permanência neste planeta. Por meio da utilização de materiais locais na construção, da relação

entre espaço construído e natureza, da compactação e densificação dos espaços, da criação da

consciência crítica, e, principalmente, por meio da participação social é que buscaremos a

verdadeira sustentabilidade e equidade social. O exercício da arquitetura atual ao invés de gerar

impacto, como vem acontecendo, pode, sobretudo, produzir reações sustentáveis na sociedade, a

qual irá contribuir para o desenvolvimento social, econômico, cultural e ambiental.

AGRADECIMENTOS

Agradecemos à Universidade Federal de Juiz de Fora, à CAPES/CNPQ e à Fundação de Amparo

à Pesquisa do Estado de Minas Gerais – FAPEMIG pelo apoio concedido.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARAVENA, A.; LACOBELLI, A. Des maisons pour tout le monde? L’habitat incrémenté et la

conception participative. In : CONTAL, M. (Orgs).

Ré- enchanter le monde. L’architecture et la

ville face aux grandes transitions

. Paris: Manifestô Alternatives, 2014.