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e sua produção nos fará repensar no nosso próprio modo de vida e a forma como agimos com o

planeta.

4.2 DESEQUILÍBRIO SOCIAL

Esse consumismo gera também sobre o território a segregação espacial, onde observamos poucos

com muito e muitos com pouco. Deste modo, o crescimento das megalópoles, metrópoles e cidades

acaba se tornando uma faca de dois gumes. Da mesma maneira que elas se caracterizam por terem

todo o potencial econômico, inovação, dinâmica e diversidade, também apresentam as chamadas

“mazelas urbanas” causadas pelo crescimento desordenado, que se fazem presentes no

desequilíbrio social e ambiental.

Constroem-se, dessa maneira, territórios e espaços marginais aos centros urbanos, que não

possuem infraestrutura adequada ou qualquer outro tipo de necessidade básica atendida. Ou seja,

uma parte da população escapa da insegurança cotidiana com a proteção de todos os seus bens,

sustentada por todo o arcabouço de infraestruturas e direitos básicos que lhes convém; a outra

parte sobrevive como pode diante da ausência de seus mínimos direitos e infraestruturas.

Surge, assim, na caracterização da cidade dual, a dualização espacial identificada também como

sendo a “cidade partida, cidade atual, cidade da exclusão, cidade dos enclaves fortificados, cidade

do apartheid social” (RIBEIRO, 1999). Esse modelo, caracterizado por essa dualização espacial, é

definido por Sassen (2005) como sendo a nova ordem urbana das

global cities

, na qual, apesar de

concentrarem todo o capital global, as cidades concentram também uma crescente população

desfavorecida, impulsionando mais ainda as desigualdades sociais.

Sobre a ótica do arquiteto colombiano Giancarlo Mazzanti (2014. p. 53, tradução nossa), “o

progresso social e ambiental se faz a partir da análise e exercício sobre o modo crítico das coisas”.

Frente a esta realidade, para Mazzanti (2014), a arquitetura deve ser aberta e democrática,

considerando a integração, a equidade e o equilíbrio social. Devemos olhar a arquitetura não

somente como exercício da construção, como algo metodológico e com aplicação de regras e

normas, mas como algo de reflexão, de pensamento que tem impacto no meio e no

desenvolvimento urbano. A arquitetura, assim como pensa François Ascher (2010, p.72), “deve

buscar mudar com o mundo, progredir junto com as relações e as complexidades do séc. XXI”, ou

seja, a arquitetura deve adotar novas formas de ação e aprendizagem para se aproximar das

problemáticas contemporâneas e da realidade em que vivemos. Desta forma, ainda para Mazzanti,

é importante que os atores urbanos tenham a capacidade de reflexão e pensamento de

pertencimento do seu próprio meio, agindo como parte integrante da cidade, assegurando sua

vitalidade.

Seguindo esta filosofia, o estúdio Equipo Mazzanti trabalha de um modo muito horizontal e paralelo

com todos os envolvidos no projeto. O conhecimento e as informações são passados sem uma

hierarquia vertical e todos acabam fazendo parte do processo. Essa horizontalidade e democracia

também são retratadas por Ascher (2010, p. 90), “onde a terceira revolução urbana deve se adaptar,

conceber e realizar uma forma mais direta com os cidadãos”, em que os atores farão parte do

processo de decisões. Para chegar a esse objetivo, a Equipo Mazzanti se apropria de uma

arquitetura mais aberta e adaptável, permitindo que as ideias e projetos evoluam por etapas,

deixando a possibilidade de crescimento e modificação no futuro, a qual se tornará flexível às

diversas finalidades e, principalmente, às necessidades diversas dos usuários. O pensamento é

que essa arquitetura tornaria possível não só a ideia de coletividade, como também poderia criar

uma forma de apropriação no sentido físico e mental dos espaços e territórios pelos usuários.

Através das intervenções e participação coletiva no processo de construção dos espaços é que a

Equippo Mazzanti espera desenvolver atitudes que levem a determinado aprendizado, ou seja, as