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3. MÉTODO DEPESQUISA
O estudo se faz a partir de uma pesquisa exploratória, tendo como suporte as teorias do livro
organizado por Marie-Hélène Contal (2010) intitulado como “Ré- enchanter le monde. L’architecture
et la ville face aux grandes transitions” – Reencantar o mundo: a arquitetura e a cidade frente às
grandes transições, em tradução livre – no qual os autores discutem sobre a construção das
culturas, a reversão dos comportamentos sociais e as estéticas espaciais, trazendo uma outra visão
do mundo, uma nova forma de olhar para a realidade e de tentar buscar soluções para as
inquietações contemporâneas.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
Foram levantadas quatro principais problemáticas dentre as várias abordadas no livro utilizado
como suporte e que são expressivas mundialmente, as quais se caracterizam como sendo o
crescimento a todo custo, o desequilíbrio social, o desequilíbrio ambiental e a habitação social.
Essas problemáticas trazem possíveis soluções a partir de ações e teorias de alguns arquitetos,
que buscam alternativas para essas questões que afligem cotidianamente milhões de habitantes
que vivenciam esses e muitos outros problemas.
4.1 CRESCIMENTO A TODO CUSTO
Um dos grandes problemas que o mundo como conhecemos tem enfrentado diz respeito ao
consumismo cada vez mais crescente. Ao consumismo selvagem e desenfreado estão relacionados
problemas que vão desde hábitos comportamentais individuais pouco saudáveis, incluindo os
alimentares, que acabam por favorecer o aparecimento de doenças como obesidade e estresse
crescente, aos desastres ecológicos como mudanças climáticas, a poluição do ar, a destruição
excessiva das florestas, a produção de bilhões de dejetos perigosos. Quanto mais consumismo,
mais recursos naturais e energia serão necessários e, por consequência, desperdiçaremos riquezas
e recursos necessários para a nossa sobrevivência.
Como enfrentar essa questão no campo da arquitetura e do urbanismo? Interessante considerar o
pensamento do arquiteto americano, Kevin Low (2014), que, entre outros, discute exatamente o
consumismo sem questionamento. Para ele, ao privilegiarmos a forma o estilo dos produtos, em
relação à sua própria qualidade e conteúdo, conferimos a esses produtos sem valor fundamental
uma uniformidade, uma “ubiquidade” que se difunde por todo o planeta, uma ubiquidade que os
torna presentes em todas as fronteiras geográficas e lugares do mundo.
A teoria de Low sobre “ubiquidade” é uma excelente leitura de nossa geografia globalizada. Os
produtos, e também as arquiteturas em qualquer território, acabam se transformando em uma única
coisa, onde qualquer cultura pode ter acesso e em qualquer espaço e tempo. A forma pode até ser
diferenciada, mas seu conteúdo permanece repetitivo. Os edifícios e construções são cada vez mais
semelhantes uns aos outros por apresentarem os mesmos materiais, as mesmas qualidades e
concepções espaciais, os mesmos conceitos. Low (2014, p.24, tradução nossa) segue sua reflexão
afirmando, que “devemos passar dessa realidade baseada no consumo para uma realidade fundada
na inteligência”, onde o principal se dará pelo conteúdo real dos produtos e coisas.
Repensar esses valores críticos da produção se torna uma questão real e de extrema importância
para a nossa sobrevivência. O consumo baseado na inteligência e no verdadeiro valor dos materiais