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4.3 DESEQUILÍBRIO AMBIENTAL
Esse desequilíbrio trata de repensar a relação entre a natureza e os seres humanos para a
sobrevivência das futuras gerações neste planeta. O arquiteto finlandês Sami Rintala e o islandês
Dangur Eggertsson concebem uma solução simples: a de que os recursos necessários para todo
esse desenvolvimento não são, necessariamente, os recursos que a atmosfera e natureza
produzem, mas sim os que devemos criar. Com uma proposta de autossuficiência, as riquezas aqui
produzidas não se esgotariam. Essa é solução possível devido ao progresso das tecnologias e da
genética, mas arriscada uma vez que há disparidades na realidade das diferentes regiões do
mundo.
Rintala e Eggestsson (2014) levam em consideração em seus projetos arquitetônicos o ciclo de vida
dos produtos e materiais, pensando desde a produção até a utilização e destruição dos resíduos
utilizados, como forma de reciclagem dos produtos e reutilização para a produção de outros,
contribuindo para a não retirada de novos recursos naturais e, por conseqüência, evitando sua
escassez.
Suas construções se baseiam, primeiramente, sobre os aspectos do próprio local, como forma de
emergir o contexto e a paisagem local, que serão características essenciais para a concepção dos
edifícios. Em uma segunda etapa, os espaços interiores são postos como prioridades para a
verdadeira qualidade do ambiente, em que a iluminação natural e os materiais são estudados para
que os edifícios sejam eficientes economicamente sobre o aspecto dos recursos naturais. Em um
terceiro momento, a arquitetura se torna o ponto chave da relação entre o novo e o velho, entre as
culturas, e se torna característica principal para uma identidade local, regional e mundial. Desta
maneira, eles criam ateliers participativos, onde os usuários são os donos e verdadeiros produtores
e responsáveis pela qualidade espacial e social. Assim como Revedin em sua Cidade Radicante,
eles criam espaços que transmitem uma pedagogia e uma reflexão que estará em constante
evolução e desenvolvimento por meio dos próprios atores.
A questão do desequilíbrio ambiental inspira outros olhares e respostas, como a equipe da Shlomo
Aronson Architects, composta pelos arquitetos Barbara Aronson, Ayehlet Coopoer e Michal
Doukarsky. Tal como Giancarlo Mazzanti, a equipe tem um conceito ligado à versatilidade dos
espaços com suas variadas finalidades, em que eles chamam de “
flexibilidade estruturada
”. Desta
forma, essa flexibilidade é caracterizada pela não imposição e obrigação de determinado espaço
ou lugar, feita a partir de uma estrutura que muda de acordo com as aspirações e desejos dos
usuários, permitindo um diálogo entre as pessoas e o ambiente. Essa idéia, que também está clara
nos princípios de Ascher, tem um papel fundamental na complexidade e dinâmica das cidades
contemporâneas. Para Aronson et al. (2014, p.102, tradução nossa), “os criadores, arquitetos e
urbanistas devem ainda “guiar as tendências”, ou seja, manter um equilíbrio entre os desejos e as
reais necessidades dos clientes, pregando o lado crítico da construção para conduzir a uma reflexão
natural da obra e, principalmente, dos seus proprietários.
4.4 HABITAÇÃO SOCIAL
Como todo esse aumento populacional e desequilíbrio social, o contingente de pessoas às margens
dos bairros e a eclosão das favelas nas zonas periféricas das cidades expandem-se. Como
consequências da exclusão social e espacial as favelas, guetos e qualquer outra espécie de
afastamento dos direitos da cidade e fisicamente dos centros urbanos atestam a não produção de
moradia adequada para as classes de baixa renda.
A produção da habitação social se propõe como solução para as famílias de baixa renda, no entanto
são muitas as dificuldades de aquisição e de construção dessas moradias, pois são necessários
recursos financeiros para a sua execução e compra. Dentre aqueles que se debruçam sobre