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uma passante na peneira de 0,3 mm e outra na de 0,6 mm. A porcentagem de substituição em

volume da areia por BRRP variou de 0 a 50%. Além do cimento foram utilizadas três tipos de

adições minerais: escória granulada de alto-forno (EGAF), cinzas volantes (CV) e metacaulim

(MC). Os estudos concluíram que os CAAs com o BRRP apresentaram uma maior ductilidade,

absorção de energia, resistência a impactos, resistividade elétrica, e um menor peso próprio,

comparados a misturas de CAAs convencionais. Porém todas as outras propriedades mecânicas

foram afetadas negativamente (resistência à compressão, à flexão, à tração, módulo de

elasticidade e retração por secagem), além da viscosidade. Dentre as adições minerais

empregadas, o metacaulim provou ser o mais eficiente para ajudar a reduzir essa influência

negativa nas propriedades mecânicas e reológicas do uso do BRRP.

3.2 Objetivo e escopo

O objetivo é avaliar a influência que a incorporação do resíduo de borracha de pneu causa no

desempenho ambiental do CAA. Para tal, os traços foram analisados para o cenário de uma

fábrica de concreto localizada na cidade de Berkeley, na Califórnia – EUA, oriundo de um estudo

onde foi avaliado o desempenho técnico mecânico, bem como ambiental, de misturas de CAA

utilizando uma nova ferramenta computacional de ACV (

CELIK

et al.,

2015

). Este cenário foi

escolhido por possuir a disponibilidade e qualidade dos dados necessária para conduzir uma

avaliação utilizando diversos resíduos e subprodutos industriais (COELHO, 2016). Considerou-se

como unidade funcional o volume de 1 m³ de CAA (posteriormente também incluindo a resistência

a compressão), com as fronteiras do sistema

cradle-to-gate

: extração das matérias-primas,

produção dos materiais, transporte e mistura na central de concreto. As fases de construção, uso,

demolição e fim-de-vida não foram consideradas no escopo deste estudo, devido a serem, desta

maneira, consideradas similares para os traços analisados, a fim de simplificação.

3.3 Inventário (ICV)

Nesta etapa os dados referentes à produção dos materiais e transportes são analisados. O

cenário de transporte analisado está detalhado na tabela 2, bem como as informações sobre os

dados utilizados para os materiais. O código entre colchetes é relativo à nomenclatura utilizada no

banco de dados Ecoinvent. Outros materiais foram utilizados neste estudo que não estavam

contemplados no estudo original de Celik

et al.

(2015), sendo assim utilizadas as distâncias das

fábricas mais próximas que tinham a disponibilidade dos materiais e resíduos em questão.

Em relação ao inventário de produção e geração dos materiais, para o caso do BRRP não foram

atribuídos impactos anteriores a sua geração, excluindo os impactos referentes à coleta dos

pneus, portanto somente os impactos da reciclagem e do transporte para fábrica de concreto

foram considerados. O consumo energético da trituração do pneu no processo de reciclagem (à

seco e à temperatura ambiente) foi considerado o mesmo para a geração das diferentes

granulometrias utilizadas nos estudos, devido à linha de reciclagem considerada gerar diferentes

tamanhos de grãos do material. A linha de reciclagem considerada neste estudo é semiautomática

de pequena escala (saída de 500-600 kg/h, com 0,24 kWh/kg de BRRP) com baixo custo inicial de

implementação (WHIRSLSTON, 2016). Porém, há no mercado soluções automáticas com custo

consideravelmente mais elevado, onde se obtém uma produção em maior escala (cerca de 2 t/h).

Para efeito de comparação, nos estudos de ACV comparativos de fim-de-vida para os pneus de

Feraldi

et al.

(2013) e Corti; Lombardi (2004), o consumo energético do processo de reciclagem

mecânica foi contabilizado em aproximadamente 0,35 kWh/kg de BRRP.