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Os autores destacam três aplicações mais comuns do Urbanismo Tático. Primeiramente, destacam-
se iniciativas que partem da sociedade civil, através de protestos, protótipos ou de intervenções que
vislumbram a possibilidade de mudanças, evidenciando o exercício do “direito à cidade”. Em
segundo lugar, ações que podem se configurar como ferramentas do poder público para engajar
organizações sem fins lucrativos e a participação social no processo de planejamento. Por fim, são
reconhecidas intenções “fase 0” como teste de projetos urbanos, antecipando a etapa na qual
investimentos permanentes são feitos (LYDON; GARCIA, 2015).
Nesse artigo, destacamos a importância de ações Fase 0 e de iniciativas temporárias no estímulo
à transformação dos espaços públicos e na promoção de novos modos de vida urbanos e do
Transporte Ativo. Compreendemos que a intenção dessas experiências é de fato serem temporárias
e que os espaços públicos que recebem tais intervenções podem ser considerados como um
laboratório em que se analisam os efeitos e a maneira como a população reage no ambiente
(ANDRADE et al., 2012). No entanto, as ações Fase 0 e as iniciativas temporárias possuem
objetivos distintos.
As ações Fase 0, por exemplo, assumem sua condição de teste e reforçam a relevância de se
configurarem como etapa experimental na escala humana. Essa iniciativa faz referência a um dos
principais fundamentos do Urbanismo Tático que é a abordagem do Construir-Medir-Aprender e ao
ciclo do
Design Thinking
, cujos conceitos considerados por Lydon e Garcia (2015) foram adaptados
ao Urbanismo e valorizam o papel do teste de ações e da implementação de processos de
desenvolvimento interativos e de baixo custo. Com isso, essas ações apresentam um campo aberto
de possibilidades que permitem a análise de pré-transformação do espaço, como forma de
reconhecer seus reais impactos, para então serem concebidas para um longo prazo, caso sejam
bem sucedidas. É nessa fase de estudo que é possível avaliar os efeitos de tais iniciativas em tempo
real, evitando despesas e revisões futuras (NACTO, 2013). Tais experiências podem indicar novas
demandas ou alterações no processo na medida em que sejam executadas.
Figura 1.
Etapas de ação do Urbanismo Tático.
Figura 2.
Fase experimental de intervenção na melhoria de
áreas para pedestres e ciclistas na Broadway, Nova Iorque.
Fonte 1: LYDON;GARCIA, 2015, p. 172. Fonte 2: Better Cities and Towns. Disponível em:
http://bettercities.net/article/tactical-urbanism-seizes-day-14498/Acesso em 10 mar 2017.
As iniciativas temporárias na cidade, por sua vez, podem se configurar como táticas cujo fator
tempo é o que as primordialmente as caracteriza, tendo estas início e fim definidos, mas que
2
Build-measure-learn (LYDON; GARCIA, 2015, p.5). Tradução nossa.