1840
cidades e se refere à facilidade de deslocamentos de pessoas e bens no espaço urbano. Tais
deslocamentos são feitos através de veículos, vias, e toda a infraestrutura (vias, calcadas, etc.) que
possibilitam esse ir e vir cotidiano”. O alcance da mobilidade urbana sustentável requer um olhar
para as políticas públicas que, além de proporcionar o acesso amplo e democrático aos espaços
urbanos, sejam também um importante instrumento para se atingir o desenvolvimento social,
econômico e ambiental, de forma equilibrada, sem prejudicar o meio ambiente.
Por forma urbana se considera a expressão ou materialidade física da cidade. Os espaços da cidade
podem ser revelados, por exemplo, pela investigação das áreas verdes e abertas e por meio dos
índices urbanísticos (densidades, índice de ocupação, índice de aproveitamento, gabarito) previstos
na legislação de ordenamento do território e pelo tipo de tecido urbano. Esses elementos
caracterizadores da forma urbana levam a arranjos espaciais diferenciados, oriundos de distintos
processos de ocupação do território e expansão urbana.
Ao considerar tais premissas, a pesquisa explora a compreensão de parâmetros urbanísticos
associados aos aspectos da forma urbana (zoneamento, densidade, condições de parcelamentos
do solo urbano, etc.) de modo a investigar como impactam na geração de viagens e deslocamentos
dentro da cidade, podendo influenciar sobremaneira a mobilidade urbana sustentável.
Em função disso, foi elaborado um
“Procedimento de Análise Espacial”- PAE
que pudesse
estabelecer graus de indução dos elementos da forma urbana em relação à mobilidade, tendo em
conta que os mesmos não ocorrem de forma isolada. Igualmente, adotou-se uma estratégia que
pudesse: (i) espacializar as variáveis que são potencialmente responsáveis pela mobilidade urbana
sustentável e; (ii) hierarquizar as relações entre os elementos da “Forma Urbana” e de “Transporte
e Circulação”.
Para dar conta da variabilidade dos diferentes arranjos espaciais, foram identificadas abordagens
que trabalhassem com incertezas. Os estudos (Ribas, 1988; Ribas, 2003; Faria, 1996; Ian MacHarg,
1969) remeteram-nos aos métodos de avaliação de riscos ambientais que lidam com um conjunto
amplo de possibilidades de arranjo entre variáveis e também com graus de incerteza sobre os
efeitos esperados e que conseguem, com certo nível de assertividade, estabelecer graus de risco
de ocorrência de impactos negativos e positivos.
A partir destas considerações, a escolha recaiu sobre a Análise de Risco Ecológico (ARE) que
deriva de estudos ambientais de sustentabilidade (Faria, 1996) e assume que, para se avaliar
determinada área, deve-se seguir o princípio da seleção de critérios. De modo geral, o método ARE
propõe uma espécie de estrutura em árvore que conduz a escolhas e interpretações para cada
unidade de análise espacial, até se chegar a um resultado em uma determinada matriz. O método
possibilita quantificar, hierarquizar e espacializar os riscos que determinadas atividades antrópicas
podem representar para os fatores naturais da paisagem.
De modo análogo, buscou-se na interpretação deste método (ARE), as bases para se estabelecer
um novo
Procedimento de Análise Espacial (PAE)
, no qual fosse possível, quantificar, hierarquizar
e espacializar os efeitos provenientes de determinado arranjo da forma urbana nas condições de
mobilidade, considerando os Eixos de Análise I e II citados.
A discussão está fracionada em duas partes: a primeira corresponde aos aspectos conceituais,
metodológicos e técnicos do PAE, e a segunda compreende as interpretações acerca da utilização
deste método para as análises da mobilidade urbana sustentável com vista ao planejamento urbano.
2. ASPECTOS CONCEITUAIS, METODOLÓGICOS E TÉCNICOS DO
PAE
Para avaliar o potencial de mobilidade sustentável, relacionando forma e mobilidade, e testar as
variáveis dispostas nos Eixos de Análise I e II, buscou-se no arranjo conceitual e metodológico da