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têm aumentado em meio à população urbana. Em muitas cidades, o espaço verde se dá apenas
por elementos pontuais, como praças, terrenos inutilizados e gramados ao longo de vias de trânsito.
Esses espaços são muitas vezes insuficientes para promover um real contato da população com o
meio natural.
Diante da necessária reaproximação entre seres humanos e natureza, a Permacultura Urbana surge
para buscar alternativas ao atual modelo imediatista e consumista da sociedade mundial. O conceito
de Permacultura foi desenvolvido por Bill Mollison e David Holmgren, na década de 1970, na
Austrália, e consiste, basicamente, em um sistema de planejamento de ambientes humanos
sustentáveis, que envolve a integração de princípios ecológicos, éticos e respeito a contextos
culturais específicos. Essas práticas foram, originalmente, aplicadas à agricultura, para a produção
sustentável de alimentos, minimizando os impactos ao meio ambiente (MOLLISON; HOLMGREN,
1983). Posteriormente, a concepção de Permacultura como “agricultura permanente” (“
Permanent
agriculture
”)
evoluiu para a de “cultura para permanência”, tendo como característica a união entre
os conhecimentos tradicionais e os atuais saberes científicos, de modo a garantir a permanência
dos seres humanos e de suas futuras gerações no planeta de forma sustentável e harmoniosa.
No âmbito da Permacultura, mais recentemente, surge a agricultura urbana como alternativa para
promover o equilíbrio entre o desenvolvimento urbano e a sustentabilidade, representando uma
nova fonte de renda a pequenos produtores agroecológicos e possibilitando um melhor
aproveitamento dos espaços ociosos das cidades, oferecendo até mesmo novas áreas públicas de
lazer dentro dos bairros onde é implantada. A Permacultura incentiva a implementação de hortas
urbanas comunitárias de modo a estimular o encontro entre pessoas de diferentes gerações e
classes de renda, como uma forma de valorizar saberes locais de cada região e fomentar trocas de
experiências.
A relação entre a alimentação orgânica e a manutenção da saúde também é clara. Alimentos
industrializados e provindos da agricultura convencional apresentam, em sua maioria, baixos níveis
nutricionais, além de elevados índices de componentes químicos prejudiciais à saúde. O conceito
de Segurança Alimentar e Nutricional, assegurado pela Lei nº 11.346/2006 no Brasil, respalda “o
direito de todos ao acesso regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade
suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas
alimentares promotoras de saúde, que respeitem a diversidade cultural e que sejam ambiental,
cultural, econômica e socialmente sustentáveis.” Nesse sentido, o cultivo de alimentos no meio
urbano apresenta-se como uma opção para a transformação da paisagem urbana em uma
paisagem produtiva com maior contato com a natureza. Ao incentivar essa prática, aliando-a a
políticas urbanas, pode-se alcançar uma relativa autossuficiência no abastecimento de certos
alimentos nas cidades e menor necessidade de deslocamentos desses produtos se produzidos
localmente, o que pode se refletir na diminuição dos preços e atrair mais pessoas a consumir
alimentos orgânicos e locais.
2. OBJETIVO
2.1 OBJETIVO GERAL
Considerar a produção de alimentos nas cidades brasileiras como política de desenvolvimento
urbano e estudar a viabilidade da implantação de um sistema urbano de produção de alimentos.