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of food production in Brazilian cities as a fulfillment of the property’s and city’s social function, then
to report the experiences of Florianópolis. It was tried to evidence the influence of the relation
between urban agriculture and the dynamics of cities and urban supply and management systems,
as well as the need of this activity to be recognized and supported by the city's master plan, based
on its benefits to the local population. Finally, it is exposed the need to retake the relationship
between the city and the countryside as a way of reintroducing nature into the daily life of the
population and to achieve a more healthy and responsible lifestyle by facilitating the consumption of
organic food and a more lively and sustainable model of urbanity.
Keywords:
Permaculture; Urban agriculture; Urban development; Sustainability.
1. INTRODUÇÃO
1.1 O DISTANCIAMENTO ENTRE A CIDADE E A PRÁTICA AGRÍCOLA
Os primeiros aglomerados urbanos se intensificaram a partir da vinda de camponeses para as
cidades em busca de oportunidades de trabalho, acesso à informação e trocas comerciais e sociais.
Carolyn Steel apresenta em seu livro “
Hungry City: How food shapes our lives
” (2008) – “Cidade
faminta, como o alimento molda nossas vidas”, em tradução literal – a cidade de Londres do século
XVII, que tinha suas ruas e espaços públicos conformados de acordo com a chegada de alimentos
do campo, e nos mostra como a origem dos alimentos tem consequência direta nas dinâmicas
urbanas. Com o processo de higienização das cidades e o aumento da população – e,
consequentemente, da demanda de alimentos – a produção destes precisou crescer na mesma
proporção, sendo desenvolvida sua mecanização e industrialização. Assim, a relação entre os
alimentos processados e sua origem natural tornou-se cada vez mais alheia e desconhecida. Esse
afastamento das práticas agrícolas para longe das cidades, somado ao advento da industrialização,
segregou o espaço urbano e o rural e, quanto mais segregadas a fonte de insumos e sua fabricação,
mais distantes e alienadas as cidades estavam em relação ao campo, à produção de alimentos e à
natureza em geral.
Desde o surgimento do Urbanismo, como estudo de alternativas para a organização de cidades
pós-revolução industrial, existem teorias e planos – colocados por muitos como utópicos – de
aproximação da vida urbana com a natureza. Ebenezer Howard (1902), em seu livro “
Garden-cities
of To-Morrow
”, crítica a configuração da cidade liberal e propõe alternativas para equacionar a
relação entre cidade e campo. Percebe-se que a preocupação em relação ao afastamento entre
cidade e natureza não é um tema tão recente.
O Brasil passou por semelhante processo de industrialização, levando a mecanização e a
modificação genética às práticas agrícolas. O país possui uma intensa produção rural de caráter de
exportação que sustenta boa parte da economia do país. A produção de alimentos cresce ao mesmo
tempo em que a população rural diminui. Como consequência, as cidades são abastecidas por
grandes corporações e os produtos são adquiridos pelas pessoas sem qualquer contato com sua
produção e fabricação.
1.2 PERMACULTURA URBANA
O estilo de vida promovido pelo capitalismo, e adotado por grande parte da população urbana, é
vivenciado por uma sociedade com fortes hábitos de consumo e basicamente sedentária, que ocupa
boa parte de seu tempo em longos deslocamentos para realizar suas atividades. A incidência de
doenças relacionadas a esse modo de vida – como estresse, ansiedade, depressão, entre outras –