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2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
● Apresentar as discussões relacionadas à agricultura urbana desenvolvidas na cidade de
Florianópolis a partir do II Encontro Municipal de Agricultura Urbana, ocorrido em 2016.
● Fornecer subsídios para ações de projeto, planejamento e gestão urbana sustentável.
3. MÉTODO DE PESQUISA
Para a elaboração de uma proposta de agricultura urbana para um bairro no município de
Florianópolis foi necessária a revisão e retomada das discussões que vêm ocorrendo na cidade
acerca do tema, uma vez que está sendo elaborado um novo Plano Diretor e essa discussão está
em pauta no âmbito das instituições e dos grupos envolvidos no assunto. O último plano diretor
desenvolvido para a cidade, em 2014, está sendo revisado e, por meio dessas discussões, uma
parcela da população está reivindicando a inclusão da agricultura urbana no zoneamento da cidade.
A metodologia para a criação de um plano urbano guiado pela produção de alimentos na cidade,
proposto neste artigo, considerou as sugestões colocadas por técnicos e pela população, atendendo
a algumas demandas expostas com a conclusão das discussões públicas acerca do tema
promovidas na cidade pela prefeitura e por outros órgãos.
Para o desenvolvimento de tal método, elegeu-se como estudo de caso o bairro Córrego Grande.
A primeira etapa de sua elaboração tratou-se de uma leitura urbana que possibilitou o
reconhecimento das características geoambientais e socioeconômicas do bairro estudado por meio
de entrevistas com os moradores e levantamentos, que resultaram em mapas para auxiliar o
processo. A partir do material coletado e produzido é possível reconhecer as dinâmicas da
população e, com isso, estabelecer um zoneamento que divide o bairro em zonas com um mesmo
padrão de comportamento – analisando os lugares mais frequentados e os hábitos frequentes. Esse
zoneamento possibilita, posteriormente, a definição da localização das hortas comunitárias e dos
pontos de coleta de resíduos orgânicos.
A busca por locais com potencial para a instalação dessas hortas se inicia através de um
mapeamento de dois tipos de terrenos verdes distintos: terrenos privados sem construções e
terrenos públicos com falta de manutenção. Após realizar o mapeamento dessas áreas, elencaram-
se terrenos públicos para implantação de hortas comunitárias, estipulando um raio de abrangência
para cada terreno e, com uma análise de políticas urbanas brasileiras e municipais que incentivam
o uso social da propriedade, sugere-se possibilidades de utilização de terrenos privados e ociosos
para o cultivo de alimentos, por meio de um planejamento urbano integrado.
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS COMO POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO URBANO
Apesar de grande parte da produção agrícola brasileira caracterizar-se por uma agricultura
extensiva, latifundiária, monocultural e mecanizada, esse modelo corresponde a apenas 15,6% dos
estabelecimentos agropecuários do Brasil (IBGE, 2006). Essa produção promove a exploração e o
desmatamento de terras no interior do país e basicamente destina sua produção ao mercado
externo. A agricultura familiar é responsável por uma parcela considerável do abastecimento
agrícola brasileiro e “por garantir boa parte da segurança alimentar do País, como importante
fornecedora de alimentos para o mercado interno” (IBGE, 2006). No entanto, esse tipo de agricultura
exige que os alimentos sejam transportados para todos os estados brasileiros através de caminhões
que se deslocam por milhares de quilômetros por rodovias precárias até chegarem nas mesas da