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população. Enquanto os alimentos percorrem longas distâncias até chegarem às cidades, o

perímetro urbano dispõe de uma grande quantidade de terrenos disponíveis e terras cultiváveis

ociosas, que, se destinadas à prática da agricultura urbana e periurbana, além de promover

vantagens nutricionais e socioculturais à população, interferiria ainda na diminuição dos impactos

causados pela sobrecarga do sistema viário, pelo gasto energético e pela poluição.

No Brasil, o projeto de lei PL 906/2015, em trâmite na Câmara dos Deputados, objetiva a criação

de uma Política Nacional de Agricultura Urbana e determina que o governo federal, os estados e os

municípios deverão cooperar entre si na realização da política, visando ampliar a segurança

alimentar e nutricional das populações urbanas vulneráveis; propiciar a ocupação de espaços

urbanos ociosos; gerar alternativa de renda e de atividade ocupacional à população urbana; articular

a produção de alimentos nas cidades com os programas institucionais de alimentação em escolas,

creches, hospitais, asilos, restaurantes populares, estabelecimentos penais e outros.

Esta medida é um dos encaminhamentos do I Encontro Nacional de Agricultura Urbana, sediado no

Rio de Janeiro em 2015, que produziu ao seu final uma carta intitulada “Agricultura Urbana e Direito

à Cidade: Cultivando Saúde e Comida de Verdade”. A carta constituiu-se em um plano com

diferentes propostas políticas relacionadas à produção de alimentos no meio urbano e incentivou

outros encontros em diversas cidades brasileiras, estimulando a organização social da população

para regulamentar a agricultura no meio urbano.

Atualmente, a cidade de Belo Horizonte, no estado de Minas Gerais, além de ter a prática agrícola

promovida pelo governo municipal desde a década de 90 por meio de políticas públicas, é

reconhecida pelo plano diretor municipal como uma contribuição para o completo desenvolvimento

das funções sociais da cidade. Dessa forma, a agricultura em solo urbano, viabilizada pelo

parcelamento de terras específicos para tal fim transformou-se também em uma importante

ferramenta para conter a intensa competição por terras pela especulação imobiliária.

Em Florianópolis, em junho de 2016, como decorrência do Encontro Nacional, ocorreu o II Encontro

Municipal de Agricultura Urbana, que teve como objetivo agregar instituições públicas e a

comunidade para estender o conhecimento sobre Agricultura Urbana; discutir estratégias que

fortaleçam as práticas agrícolas de base agroecológica; além de reunir grupos, associações,

escolas, universidades, coletivos, setores da prefeitura e demais pessoas envolvidas com a

questão. A iniciativa do evento foi da Rede Semear Floripa, que tem como objetivo principal “semear

agroecologia para colher uma cidade sustentável” e tem congregado as entidades e pessoas

envolvidas com o tema e organizado a discussão no âmbito do Plano Diretor municipal.

4.2 PROPOSTA PARA IMPLANTAÇÃO DE AGRICULTURA URBANA

O bairro Córrego Grande possui atualmente uma população de 10.563 habitantes e situa-se em

área de grande interesse imobiliário por sua proximidade e fácil acesso a importantes pontos da

cidade, como a Universidade Federal de Santa Catarina, a Universidade Estadual de Santa Catarina

e o centro da cidade, estando localizado na porção central da ilha Santa Catarina, entre os bairros

Itacorubi, Santa Mônica, Trindade e Pantanal.