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econômica, cultural, espiritual e civil (OMS, 2015). No entanto, o envelhecimento traz dificuldades
como fragilização emocional, física e cognitiva (GROISMAN, 1999).
Como parte dos novos papéis sociais do idoso, está a sua inserção na internet. Ao comparar dados
de 2005 e 2011 da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), divulgada pelo Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), verifica-se um crescimento da população conectada
em todos os grupos etários, em geral acima dos 100%, mas foi no grupo dos 50 anos ou mais que
esta variação foi mais representativa chegando a 222,3% (SILVA, 2016). Estudos realizados na
Universidade de Brasília, mostram que o principal objetivo dos idosos com as redes sociais é
aumentar suas relações sociais para reduzir a sensação de solidão (SILVA, 2016).
O aumento da interação virtual dos idosos demonstra uma preocupação cada vez maior com sua
qualidade de vida e na manutenção de vínculos e relações sociais. Nesse contexto, os ambientes
de moradia podem auxiliar na manutenção desses vínculos e no conforto psicológico. Não é de se
estranhar, portanto, o aumento na busca por informações a respeito de comunidades intencionais.
1.2. Sustentabilidade, Psicologia Ambiental e as Dimensões do Significado de Casa
O termo sustentável, ampliado ao longo dos anos, abrange significados como sustentar, apoiar e
conservar. Sachs, em 2002, definiu sete dimensões da sustentabilidade: social (menor
distanciamento entre classes sociais); econômica (questões sociais como forma de avaliar a
economia); ecológica (racionalização do uso de recursos esgotáveis); territorial (equilíbrio na
distribuição campo/cidade; ambiental (respeito à capacidade de autodepuração dos ecossistemas;
política (democracia e direitos humanos); e cultural (continuidade das diferentes culturas).
Na habitação, sustentabilidade está diretamente ligada à qualidade de vida. Há de se pensar
portanto, que a sustentabilidade envolve além do conforto físico, o psicológico. Assim, a inclusão
de questões
sensoriais
(ligadas à visão, audição, olfato, tato e paladar)
, espirituais
(ligadas à
contemplação, a tranquilidade)
e anímicas
(ligadas aos sentimentos e consequentemente, à
psicologia) da sustentabilidade (SATTLER, 2007), a aproximam dos sentidos humanos e da
psicologia. A Psicologia Ambiental trata das relações entre os indivíduos e os ambientes físicos nos
quais estão inseridos (GIFFORD, 2007). Tanto o comportamento do indivíduo quanto o ambiente
podem ser alterados um pelo outro. O ambiente proporciona um conjunto de estímulos recebidos
pelo usuário de forma específica, cujas respostas podem ser: físicas, percebidas por sentidos
(ligadas à dimensão sensorial); sociais, percebidas por comportamentos; e psicológicas, percebidas
por sensações (ligadas à dimensão anímica) (LAYNE, 2009).
Em relação à moradia, psicólogos ambientais distinguem a estrutura física (casa) do significado (lar)
(GIFFORD; STEG; RESER, 2011). Os significados de casa abrangem diversos domínios. As
relações entre pessoas e seus ambientes são fortalecidas através de ligações comportamentais,
emocionais e cognitivas pela significância física, psicológica e social (OSWALD; WAHL, 2005).
Uma série de estudos comprovam que uma
cohousing
poderia ser uma das maneiras mais eficazes
de abordar metas de sustentabilidade nas dimensões social, econômica, ecológica, territorial,
ambiental política e cultural (NUNES, 2015). No entanto, questões
sensoriais, espirituais e anímicas
,
ainda são pouco estudadas, especialmente no que se refere a
cohousings
. Portanto, dentro de uma
abordagem que expande a sustentabilidade ao seu nível anímico, foram considerados os
significados de casa estabelecidos por Després e Lord (2005) e que abrangem as dimensões
Psicológica, Social, Econômica, Material, Temporal e Tempo-Espaço.
1.3.
Cohousing
e soluções habitacionais para idosos
A
cohousing
, que significa “vida em comunidade” é uma forma de comunidade intencional surgida
em 1972 na Dinamarca (ALTMAN, 1975). Ela está presente em diversos países e resgata valores