551
os idosos nessas comunidades. Outi Jolanski, pesquisador da Finlândia, relata sentimento de
pertencimento e oportunidades de interação social nestes ambientes (ALEXANDER, 2016).
Nota-se que os estudos concorrem à importância de aspectos mais subjetivos presentes nesses
assentamentos, especialmente para os idosos. São aspectos de ordem social e psicológica. Além
disso, há uma tendência do público feminino se interessar mais por este tipo de moradia.
2. OBJETIVO
O estudo objetiva traçar um perfil dos possíveis futuros usuários idosos brasileiros das comunidades
cohousing
pelo acompanhamento de postagens e comentários espontâneos em redes sociais e
sites. Para o delineamento do estudo, têm-se os seguintes objetivos específicos: (i) identificar as
razões que levariam adultos mais velhos a viver em
cohousings
no Brasil e (ii) avaliar a importância
de fatores físicos, psicológicos e sociais nesta escolha.
3. MÉTODO DE PESQUISA
No que concerne às questões metodológicas o estudo se pauta num estudo de caso por referir-se
a fenômenos contemporâneos, considerando tanto postagens antigas quanto as realizadas em
tempo real e por não haver nenhum tipo de controle sobre eventos comportamentais (YIN, 2001).
O encaminhamento da investigação teve início pela pesquisa de referências. Como objeto de
estudo, a rede social
foi escolhida devido a sua crescente representatividade,
especialmente no Brasil (UOL, 2014). A coleta e análise de dados se articulam a partir da análise
de conteúdo, que possibilita a compreensão de fenômenos sociais através da interpretação de
mensagens. Neste caso, a análise caracteriza o emissor, reforçando a visão de que a mensagem o
exprime e o representa (MORAES, 2016). Segundo Moraes (2016), o método inclui: Preparação
das informações, Transformação do conteúdo em unidades, Categorização, Descrição e
Interpretação. Na preparação, uma amostra representativa e pertinente aos objetivos da análise é
isolada. Assim, foram monitorados grupos brasileiros no
que tivessem
cohousing
como
tema e participantes idosos ativos nas discussões. São eles:
Cohousing
Brasil,
Cohousing
Rio de
Janeiro,
Cohousing
Botucatu,
Cohousing
Paraty e
Cohousing
Petrópolis. Entretanto, apenas nos
grupos
Cohousing
Brasil e
Cohousing
Rio de Janeiro foram encontradas postagens realizadas por
idosos que fornecessem motivações, preferências e/ou traços do perfil do autor. Todas as
postagens com essas características foram consideradas. Através dos grupos chegou-se a sites
que abordam a temática e que contam com a manifestação de idosos. São eles: “Conexão Planeta”
(artigo: “Terceira idade com autonomia e sem solidão”);“Jardim do Mundo” (artigo: “
Cohousing
, uma
nova forma de morar”) e “50 e mais” (artigos: “Aldeia da Sabedoria, para maiores de 60: Viver mais
e melhor”; “Cidade Madura, um condomínio para maiores de 60 que deu certo”; “República para
idosos, alternativa de moradia depois dos 60 anos”).
As unidades de análise ou palavras-chave foram agrupadas e reescritas de modo a serem
compreendidas fora do seu contexto (MORAES, 2016). Na categorização, através de um critério de
semelhança semântica, elas foram inseridas em categorias temáticas (MORAES, 2016) que
identificam as dimensões do significado de casa adotadas por Després e Lord (2005): Psicológica,
Social, Econômica, Material, Temporal e Tempo-Espaço. A dimensão psicológica descreve a casa
como lugar de personalização, controle, segurança e conforto físico e psicológico; a dimensão social
como socialização, privacidade, refúgio, composição social desejável, e acesso a recursos
humanos; a dimensão econômica como propriedade, investimento financeiro e habitação acessível;
a dimensão material como acesso a serviços e facilidades comerciais, natureza, tipo de habitação,
espaço ao redor da casa, acessibilidade universal e pertences pessoais; a dimensão temporal,