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está muito próximo ao nível D, sendo bastante diferente da orientação Sul, que apresenta um grau
de pertinência quase total e indiscutível ao conjunto de classificação C.
Em outra investigação desenvolvida pelos autores (ROSA
et al
., 2016), comparando o desempenho
na eficiência energética da envoltória de um mesmo ambiente (mesmas características construtivas,
dimensões e orientação) em diversas zonas bioclimáticas do país, também foi possível constatar outra
situação onde o uso da Lógica
Fuzzy
seria mais apropriado. Como já mencionado, para a avaliação
da classificação de eficiência energética em residências localizadas nas Zonas Bioclimáticas 5 a 8,
somente a condição de verão é analisada, ou seja, o desempenho que a envoltória obtiver, será
aquele a ser considerado em todo o ano, pela prevalência do número de dias quentes sobre o número
de dias frios. Um exemplo de cidade nestas condições é o Rio de Janeiro.
Já nas Zonas Bioclimáticas 1 a 4, a avaliação se faz por meio da análise das condições de verão e de
inverno, variando seu peso no resultado final de acordo com a zona bioclimática. Por exemplo,
Campos do Jordão, cidade classificada como ZB1 (ABNT, 2005), tem como componente da análise
dos dias frios um peso de 92% no resultado final, e somente 8% de peso para os dias quentes. Já São
Paulo, cidade classificada como ZB3, essa relação é de 36% para o inverno e 64% para verão. Os
resultados parciais (inverno e verão) são ponderados segundo sua Zona Bioclimática para, juntos,
produzirem uma média que expressará a classificação do nível de eficiência energética da envoltória.
Porém, para a efetivação dessa média ponderada, os valores considerados não são os resultados
propriamente ditos de suas equações de aquecimento (EqNumEnv
A
) e resfriamento (EqNumEnv
Resfr
),
mas suas respectivas classificações por nível, expressos em letras que têm seus equivalentes
numéricos (Tabela 1). Dessa forma, duas envoltórias na Zona Bioclimática 4, avaliadas para o verão,
por exemplo, cujo resultado em GH
R
para uma delas, tenha sido 728, e para outra tenha sido 1452,
teriam, ambas, a mesma classificação, letra B, segundo a Tabela 3. A letra B então é transformada
em seu equivalente numérico (B
4) e é com esse quantitativo “4” que ambas envoltórias entrarão
com sua parcela de verão na equação do resultado final, a ser ponderado com a parcela de inverno.
Porém, são duas envoltórias bem diferentes, uma com resultado 728 GH
R
, quando um resultado ≤ 727
GH
R
já a classificaria como nível A; e a outra envoltória, com resultado 1452 GH
R
, quando um
resultado >1453GH
R
a classificaria como C. Ou seja, duas classificações quantitativamente diferentes
acabam sendo igualadas pela representação que só admite, a cada elemento, um único conjunto,
sem admitir sua real posição em relação aos seus limites máximo e mínimo.
As análises dos resultados destas pesquisas levaram os autores a questionar a representação
tradicional das ENCEs, em particular para o caso das envoltórias das edificações. Percebe-se
claramente que resultados numéricos muito próximos, em termos de eficiência energética, podem
ter classificações distintas. Da mesma forma, resultados não tão equivalentes poderiam receber a
mesma classificação de eficiência energética.
Os autores concluíram que a adoção de um resultado limítrofe entre duas classificações consecutivas
seria mais preciso em sua representação se fosse expresso através de uma representação baseado
na lógica
Fuzzy
, onde essa classificação limítrofe expressasse a pertinência µ=0,5 para cada uma das
mesmas (Figura 6). Ainda baseado nessa representação, a pertinência total e exclusiva de uma
classificação (µ=1) seria sua localização no centro linear da faixa desta classificação. À medida que se
afastasse desse centro linear a pertinência em questão passaria a diminuir, enquanto a pertinência à
classificação a qual estivesse se aproximando começaria a aumentar.