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2. PAPEL DA EFICIÊNCIA DE ESPAÇO EM OPERAÇÕES DE RABILITAÇÃO EM HABITAÇÕES
Projetar operações de reabilitação não difere muito do projeto de construção nova. Os passos são
similares e são desenvolvidos pelos mesmos intervenientes. A principal diferença é que um projeto
de reabilitação tem preocupações
à priori
, visto que se trata de um edifício com características e
patologias características para debelar.
Estes projetos requerem uma abordagem específica para minimizar o impacte dos edifícios num
compromisso entre funcionalidade, segurança, inspeção e diagnóstico. O processo é habitualmente
alicerçado em três princípios: (i) inspeção e diagnóstico ao edifício, avaliar o estado atual da
construção, detetar quaisquer problemas e suas respetivas causas e fazer a avaliação da eficiência
das atuais soluções construtivas de forma a ver quais podem ser mantidas; (ii) projetar a intervenção
baseada nos resultados anteriores (resultados do ponto (i)), facultando assim uma solução
personalizada a cada edifício, e por último, (iii) monitorizar as soluções preconizadas de modo a
avaliar a sua eficiência depois da implementação (Quelhas et al., 2014). Desta forma, a tomada de
decisão deve ser adaptável às necessidades do edifício e do cliente. Apesar da grande necessidade
de ferramentas de auxílio à tomada de decisão, a existência destas ferramentas é ainda bastante
pobre. As que existem, quando aplicadas, têm o intuito de validar, e racionalizar as decisões já
tomadas em vez de apoiarem a decisão.
Habitualmente, são as preocupações energéticas ou estruturais a geram interesse na reabilitação,
ainda que a eficiência e qualidade de espaço sejam considerados durante a projeção da
reabilitação, não são, geralmente, o seu habitual foco. Porém, incluir estes aspetos pode tornar os
edifícios reabilitados mais atrativos, fornecendo um valor acrescido tanto para os investidores como
para os utilizadores. As medidas tomadas para reabilitar problemas energéticos ou estruturais
podem influenciar a qualidade e eficiência de espaço mesmo que inicialmente não tenham sido
preconizadas para isso. Por exemplo, melhoria das áreas envidraçadas, aumento do isolamento
pelo interior, ou reforçar pilares interiores pode afetar a qualidade do espaço. Acre; Wyckmans
(2014) definiu a qualidade de espaço como sendo uma consequência da visão, espaçamento
interno e organização de espaço, transição entre espaços públicos e privados, e as densidades
humanas e construídas compreendidas. Em ferramentas BSA, a eficiência de espaço é
habitualmente ligada a assuntos relativos à utilização de terreno bruto. Neste estudo, a eficiência
de espaço diz respeito à melhoria da área útil e habitável dentro de uma dada área de construção.
Uma elevada eficiência de espaço é fundamental para impulsionar um ambiente construído
sustentável, desempenha um papel muito importante na definição do desempenho de três pilares
da sustentabilidade. A relação entre eficiência de espaço e ambiente é inegável: quanto menos
terreno bruto o edifício utilizar, mais amigo do ambiente se torna; menos materiais utilizados, menos
matérias primas exploradas e menos solo natural é perturbado. Também, com áreas mais pequenas
a energia utilizada para aquecer, arrefecer ou iluminar, reduz. É possível ter a mesma área útil com
um menor uso de área bruta, se as soluções construtivas apropriadas forem escolhidas e se um
bom projeto for preconizado (Bragança et al., 2016). Além disso, uma maior margem de lucro é
possível como uma maior eficiência de espaço, particularmente nas áreas onde os preços das
habitações são mais caros. Os custos de construção e execução podem também reduzir se a
eficiência de espaço é melhorada, e áreas restritivas evitadas. A satisfação do utilizador,
produtividade ou bem-estar geral são todos afetados pela eficiência do espaço. um espaço eficiente
um agradável ambiente interior e um espaço claramente delineado.
Planeamento e eficiência de espaço devem ser um alvo consensual num projeto de habitação visto
que é crucial para a qualidade do projeto. Deve considerar a satisfação do utilizador, a função
primária do edifício, e não apenas o rácio entre área de construção e área habitável, para assim