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(INE & LNEC, 2013). Um aumento no ciclo de vida do parque habitacional tem um impacto positivo
nos três alicerces de sustentabilidade. Do ponto de vista ambiental, há um decréscimo da
exploração de matérias primas, do impacte ambiental associado, reduz a necessidade de energia,
poupa o solo virgem e promove uma contenção das áreas impermeáveis, reduzindo o número de
cheias e deslizamento de terras (Sassi, 2006).
Evitar a dispersão urbana diminui as necessidades de transporte, evitando assim emissões
adicionais de CO
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e um aumento na exploração de combustíveis fósseis. A qualidade na vertente
social da sustentabilidade é aumentada através da conservação do património construído,
promovendo a história e a preservação e protegendo ícones culturais. Acrescentado ao
anteriormente descrito, um aumento na qualidade de vida interior de uma habitação ocorre com
uma otimização da qualidade do ar e das condições térmicas e acústicas. A funcionalidade de um
edifício pode ser elevada, moldando o edifício às necessidades dos seus utilizadores; a área de um
compartimento pode ser adaptada às necessidades do utilizador e assim tornar-se mais eficiente.
Por fim, melhorar o conforto através da melhoria dos elementos do edifício pode conduzir a
poupanças energéticas, assim como melhores condições de saúde, o que traduz em poupanças no
consumo energético e em despesas médicas. Escolher a reabilitação em detrimento da construção
nova pode reduzir os custos de investimento. Num panorama mais amplo, a economia de local de
cidades e municípios pode ser aumentada através da reabilitação dos seus edifícios devido à
atração turística que origina e ao crescente interesse da população em viver próxima dos centros
históricos das respetivas cidades.
Tal como na execução de um projeto de construção nova, um projeto de reabilitação requer uma
panóplia de decisões durante a sua execução. Apesar do grande número de técnicas de reabilitação
disponíveis no mercado, escolher uma solução torna-se uma decisão complexa devido ao número
de variáveis a ter em conta, tais como as características do edifício, orçamento disponível, objetivo
do projeto, etc. O processo de decisão da respetiva solução nem sempre é baseado no desempenho
de sustentabilidade individual do edifício, deve também ter-se em conta os custos do seu ciclo de
vida (LCC), tal como os seus benefícios sociais e ambientais.
Há algumas ferramentas para auxiliar o processo de decisão da solução de reabilitação (Alanne,
2004, Juan et al., 2009, VTT, 2013). Contudo, a maior parte das ferramentas apenas considera um
número limitado de critérios, maioritariamente económicos e de eficiência energética (Alanne,
2004).
Neste contexto é importante desenvolver formas de auxiliar as equipas de desenvolvimento a
selecionar as melhores opções durante as fases de desenvolvimento do projeto de reabilitação,
tanto em edifícios singulares como em áreas de reabilitação urbana, para assim melhorar a
sustentabilidade do ambiente construído. Esta decisão deve considerar melhorias aos níveis de
sustentabilidade, mas também dos custos do ciclo de vida.
Este trabalho apresenta uma ideia para uma ferramenta de auxílio à tomada de decisões para
operações de reabilitação em fases iniciais do projeto. A eficiência de espaço é apresentada como
um exemplo de um indicador de sustentabilidade. Este indicador é uma adaptação de um indicador
desenvolvido anteriormente para fases iniciais de projeto em construção edifícios multifamiliares.
Uma melhoria da qualidade e eficiência do espaço pode conduzir a um aumento da sua atratividade
aos utilizadores e assim contribuir para um aumento de conforto e bem-estar; enquanto um baixo
impacte ambiental no ciclo de vida do edifício pode melhorar a envolvente da natureza existente,
reduzindo assim os impactes negativos do edifício.