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Sobre ela, Queiroz (2012) demonstra que os anos 2000 são marcados ao mesmo tempo pelo

aumento da produção habitacional e por uma relativa redução das áreas construídas por unidade.

Essa redução pode ser inicialmente explicada pela elevada produção de edifícios verticais do tipo

flat

, a qual, segundo o autor, esteve associada ao elevado fluxo turístico estrangeiro existente na

cidade à época, que dinamizou a economia local na primeira metade dos anos 2000 e orientou a

ação do capital imobiliário na direção desse segmento. Em contrapartida, devido à crise imobiliária

internacional, a segunda metade dessa década foi marcada por outros dois movimentos, que

consolidaram a produção de UHs com áreas reduzidas: a redução de investimentos do setor

privado, com a saída dos turistas (compradores) estrangeiros e a reedição da promoção pública de

moradias, através da criação do Programa Minha Casa, Minha Vida (PMCMV) do governo federal.

Entre as consequências dos movimentos destacam-se duas outras: de um lado, a redução dos

investimentos contribuiu diretamente para a crise e retração da produção imobiliária da tipologia

flat.

Com isso, mediante pressão da iniciativa privada junto a gestão pública, os

flats

puderam ser

convertidos em edifícios de uso residencial, por meio do decreto Nº. 8.688 (NATAL, 2009). Assim,

como a característica principal desta tipologia consiste em unidades com área bastante reduzida,

as UHs oriundas do decreto herdam deles as dimensões exíguas. Do outro lado, o PMCMV, além

de estimular a produção em grande escala de UHs para diferentes segmentos sociais, também

estimulou a produção de ambientes com áreas mínimas, estabelecidas como critérios mínimos pela

Caixa Econômica Federal (CEF) - agente público responsável pela gestão financeira do Programa .

Dessa maneira a conversão dos flats em edifícios residenciais associada a produção derivada do

PMCMV, resultou no entendimento comum, de que as áreas construídas das habitações com dois

dormitórios produzidas a partir de 2005 observam os padrões definidos pelos regramentos

urbanísticos ou definidos pela CEF. E estas, quando contrapostas a referenciais técnicos sobre

dimensionamento adequado de ambientes mostram-se insatisfatórias do ponto de vista da

qualidade dimensional e funcional dos espaços

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.

Além disso, a partir da simples observação de plantas de vendas de empreendimentos nota-se que

os layouts padrões norteadores dos projetos e que, muitas vezes determinam a escolha dos

consumidores, adotam propostas bem específicas em relação ao tamanho e disposição dos

mobiliários. A partir disso, levantam-se algumas questões: Se o projeto é padronizado, por que

estabelecer dimensões de mobiliários tão específicas e exíguas que muitas vezes não são

encontradas no mercado varejista de móveis e equipamentos? Como favorecer diferentes arranjos

familiares, se são feitos projetos para uma família nuclear padrão?

O objetivo do trabalho não está em aferir a satisfação ou adaptação do usuário ao espaço projetado,

considerando que de alguma maneira essa adaptação acontecerá. Na verdade, busca-se

questionar a forma restritiva como esses projetos são ofertados, pois estudos anteriores sobre o

tema demonstram que os projetos com áreas mínimas pouco favorecem a adaptabilidade dos

usuários em termos funcionais, ergonômicos e econômicos, prejudicando, com isso, a qualidade

dos ambientes. A partir desses questionamentos procura-se compreender como se encontra a

produção privada de habitações mínimas sob a ótica de qualidade dimensional e funcional do

ambiente projetado.

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Segundo Queiroz (2012), como flats entende-se, edifícios verticais com média de 10 a 15 pavimentos e unidades com

área bastante reduzida – em torno de 50,00 m², chegando, em alguns casos, até a 08 uh/pavimento.

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Na primeira edição do PMCMV, a CEF divulgou, a título ilustrativo, uma planta-tipo para os projetos de casas e

apartamentos que embora não fosse obrigatória, deu origem a repetições em série do tipo proposto. Em virtude da baixa

qualidade arquitetônica deste e pressionados pela Federação Nacional dos Arquitetos e Urbanistas, a cartilha foi revisada

e, a partir de 2010 definiram-se os parâmetros da NBR 15575- parte 1, como sendo os mínimos necessários ao

dimensionamento de ambientes internos.