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A vegetação proporciona sombra, regula a umidade do ar e pode redirecionar os ventos, fatores

importantes na conformação do microclima local. (LOVELL, 2010) O aumento da proporção de

espaços verdes pode contribuir com a redução das temperaturas das superfícies construídas e do

ar, dependendo do porte e do índice foliar das espécies inseridas.

A inserção de vegetação nas áreas urbanas, também pode beneficiar o armazenamento de

carbono, o escoamento de águas pluviais e a qualidade da água, por filtrá-la (McLain et al., 2012).

Jardins, também oferecem serviços de atenuação de tempestades. A vegetação, especialmente as

árvores, podem interceptar a precipitação intensa e reter a água temporariamente, dentro de sua

copa, reduzindo o fluxo de pico, aliviando a carga na infraestrutura pública (Xiao & McPherson,

2002).

A segurança alimentar é um dos principais benefícios, tendo em vista de que muitas cidades estão

longe das zonas de produção e a oferta de produtos é limitada, devido a restrições econômicas e

problemas no transporte. A proximidade dos consumidores ao sistema de produção de alimentos

pode garantir maior qualidade na distribuição destes. Tanto que, grande parte do interesse na

agricultura urbana nos EUA, hoje, se concentra em oportunidades para melhorar a segurança

alimentar e o acesso a alimentos saudáveis (LOVELL, 2010).

Outros fatores importantes são os benefícios sociais, culturais e econômicos, já que vazios urbanos

ou espaços subutilizados podem agregar funções ligadas a produção de alimentos, gerando

oportunidades de emprego e educação informal. Beniston e Lal (2012) identificaram que o cultivo

nas zonas urbanas pode ser muito produtivo, com produção estimada entre 2 a 7 kg de alimentos

por metro quadrado, dependendo da cultura e condições locais. Soma-se a questão, as

possibilidades de combinar a produção com funções culturais (LOVELL, 2010) e os processos de

aprendizado na ação. Estes sistemas podem ser uma fonte de renda e acesso ao trabalho.

Com a crise que Cuba sofreu nos últimos anos, por exemplo, a alternativa encontrada pela

sociedade foi a transformação das terras disponíveis, em áreas destinadas para a agricultura

urbana, totalizando mais de 35.000ha em Havana. Muitas cidades têm investido no potencial da

agricultur urbana. Em Xangai, China, atividades de agricultura urbana podem fornecer 60% das

hortaliças e 90% dos ovos consumidos pelos residentes. (LOVELL, 2010)

Para colocar em prática todos estes benefícios, alguns desafios a implantação dos sistemas de

paisagismo produtivo no meio urbano devem ser superados. O valor da terra urbana, os

regulamentos, referente ao zoneamento das atividades nas cidades são algumas das barreiras para

a implementação destes sistemas. Problemas relacionados a carência de insolação e áreas

permeáveis nas cidades, devido as altas densidades construtivas, são outros fatores que podem

inviabilizar o cultivo de alimentos nas zonas urbanas. Além de fatores culturais, como a falta de

experiência e de conhecimento sobre os potenciais da agricultura urbana.

Diante deste cenário, para potencializar a efetividade dos benefícios citados e mitigar os riscos

existentes na produção de alimentos nas zonas urbanas se percebe a importância do fomento de

estudos sobre a inserção do paisagismo produtivo nas áreas consolidadas das cidades brasileiras.

2. OBJETIVO

O objetivo deste trabalho é analisar o potencial da insolação e das áreas permeáveis no contexto

da superquadra, 308 de Brasília, a fim de identificar as áreas passíveis para a produção de

alimentos.

3. MÉTODO DE PESQUISA

Este trabalho sintetiza um estudo de caso realizado na superquadra, 308 de Brasília, Brasil. O

trabalho tem caráter exploratório, foi desenvolvido em dois ciclos de pesquisa, complementares