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A relação ciência-sociedade existirá somente se os cidadãos possuírem formação e cultura
científica que lhes permita compreender e administrar o cotidiano, sendo capaz de tomar decisões
com base nos seus próprios conhecimentos, pois a cidadania requer conhecimentos da ciência. Isto
propõe desafios: por um lado necessitamos ampliar a base científica para acompanhar o
desenvolvimento científico que acontece no mundo, por outro lado, necessitamos que estes
conhecimentos sejam colocados ao alcance de todos os cidadãos brasileiros.
Integrando os desafios da proposta de planejamento, educação e cidadania, Volkmer (2005)
observa que os estudos dos temas transversais e as discussões sobre os programas curriculares
nas escolas podem permitir o conhecimento, a valorização do patrimônio e o exercício da cidadania.
Estas prerrogativas, instituídas pelo MEC são portas abertas que convidam a introdução de
interessantes discussões sobre o patrimônio construído.
Em relação às cidades e ao espaço construído, Soares (2005) refere-se às experiências educativas,
que devem ter por objetivo incentivar o posicionamento crítico nas comunidades, estimulando a
reflexão e o pensar sobre o patrimônio cultural. As atividades de ensino, pesquisa e extensão
desenvolvidas devem ter como meta elucidar conceitos, conscientizar sobre a importância do
patrimônio para a memória social das gerações, sem exclusões e discriminações. Para
compreender-se como cidadão é preciso entender e respeitar o espaço circundante, estabelecendo
as diferentes relações sociais, regionais e mundiais, levando-se em conta o tempo e o conjunto de
suas representações.
Considerando a cidade como ecossistema, Agyeman (2003, p. 452) entende que “educação de
ecossistema urbano deve buscar se tornar parte de um largo e duradouro processo de
aprendizagem que ajuda pessoas a antever e definir o que são comunidades e cidades sustentáveis
em curto e longo prazo”.
4. MÉTODO DE PESQUISA
A metodologia buscou adotar o conceito de ciência cidadã, conforme desenvolvido por Irvin (1995)
apud Agyeman (2003, p. 457), como um componente do movimento para comunidades sustentáveis
e como objetivo a longo prazo. Uma abordagem para ciência e expertise que ofereça ao menos o
potencial para um diálogo entre grupos científicos e de cidadãos.
A participação da população leva tempo e pode ser de várias modalidades. Como exemplos
Agyeman (2003, p. 457-462) relata atividades com estudantes de Detroit que abordaram problemas
na sua área residencial (crime, drogas, poluição, casas precárias e outros) e atividades com
mulheres oriundas de população asiática em Bradford no Reino Unido, que cultivaram hortas
misturando plantas blangladeshi e britânicas. O autor concluiu que para ajudar pessoas a construir,
transformar, criticar, emancipar seus mundos para comunidades e cidades sustentáveis, deve-se
começar no local onde eles estão. As agendas de pesquisa participativa, onde o professor
[pesquisador] é co-aprendiz e o aprendiz é co-pesquisador, desenvolve uma pedagogia de
aprendizagem robusta para professores, pesquisadores e outros envolvidos em educação dos
ecossistemas urbanos para constituir o desenvolvimento de comunidades e cidades sustentáveis.
Como se trata de abordar as cidades para as pessoas, tomou-se também como base a abordagem
de Harrison e Burguess (2003, p. ix) na qual as ferramentas educativas relevantes devem
considerar: (1) a complexidade das cidades; (2) a natureza dinâmica das cidades como lugares
onde a mudança é a norma e guiada por uma multiplicidade de forças e condições interagindo; (3)
o papel vital desempenhado pelas relações espaciais, humanas e outros distúrbios e influências
históricas no ambiente urbano.
A metodologia de pesquisa ocorreu em duas etapas: a primeira em gabinete na universidade e nas
escolas, e na segunda etapa conta com levantamento de campo. A primeira etapa contou com