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3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
De acordo com o relatório da CAPES (Brasil, 2010) o desenvolvimento científico das últimas
décadas influenciou temas importantes para a humanidade, como a preservação do meio ambiente,
a multiplicação dos recursos alimentares, os avanços da medicina, a sustentabilidade e a
mobilidade urbana, a socialização dos meios de comunicação e a melhoria da qualidade de vida.
Mas o documento coloca que o desenvolvimento, que beneficia a qualidade de vida das pessoas
precisa ser monitorado, garantindo melhorias objetivas e maior amplitude social na sua aplicação.
Isso significa um novo contrato entre ciência e sociedade, na intenção de garantir que o progresso
científico conquistado seja dirigido para a efetiva resolução dos problemas que afetam a
humanidade, envolvendo todos os seguimentos da população.
Constata-se que no país, apesar das conquistas científicas e tecnológicas já alcançadas, as
mesmas não têm se revertido na socialização do conhecimento, pois se verifica, no início do terceiro
milênio, o baixo nível de escolaridade do povo brasileiro. Conclui-se então, que os conhecimentos
técnicos desenvolvidos pela comunidade científica não estão beneficiando boa parte da
comunidade, sendo que esta ignorância, ao mesmo tempo, impede mais avanços em relação ao
próprio desenvolvimento científico.
Neste sentido, estudos da CAPES, Brasil (2010) abordam a implementação de ações que
promovam à articulação dos programas de pós-graduação com a melhoria da educação básica
buscando a integração interdisciplinar destas instituições. Pois se acredita que a preocupação de
instâncias do ensino superior como o Sistema Nacional de Educação e da Pós-graduação possam
contribuir significativamente para a qualificação da educação do país.
Mas além da educação, no Brasil do século XXI, o direito à cidade, aos espaços construídos
sustentáveis e a vida com qualidade urbana também é uma conquista de muito poucos. Maricato
(2001) coloca que nas cidades, o acesso aos espaços de moradia é restrito, e que as políticas
sociais são insuficientes para atender à maioria da população. Neste cenário, geralmente sobra às
comunidades carentes, as alternativas de moradia ilegais ou informais.
Numa obra mais recente, intitulada “O impasse da política urbana no Brasil” (2011), Maricato aborda
exatamente a preocupação que nos leva a proposição deste trabalho, ou seja, que a construção de
um novo paradigma sobre as cidades exige uma mudança cultural. Ela coloca que para combater
o analfabetismo urbanístico (2011, p. 45) é necessária uma campanha pedagógica especialmente
destinada a funcionários públicos, lideranças sociais, profissionais, sindicais e acadêmicas, como
estudantes, jornalistas e intelectuais. A autora prossegue no texto afirmando que “conhecer a
realidade das cidades brasileiras e a realidade específica de cada cidade exigiria ainda, a
incorporação do tema como matéria escolar do ensino fundamental”.
Em relação à área de pós-graduação Engenharias I, na qual está inserido o Programa de Pós-
Graduação em Engenharia Civil e Ambiental da UPF, “a interação com o Ensino Médio e
Fundamental” (CAPES, 2013), pode ser ampliada pela proposição deste projeto de pesquisa
conjunto entre pesquisadores e alunos da universidade e professores e alunos do Ensino
Fundamental.
A área de concentração de Infraestrutura e Meio Ambiente do mestrado acadêmico da UPF
contempla a temática da urbanização e sustentabilidade, especialmente na Linha de Pesquisa
Planejamento Territorial e Gestão da Infraestrutura. Esta linha de pesquisa “aborda temas relativos
à compreensão do processo de ocupação do território, bem como ao planejamento, gestão e projeto
de sua infraestrutura e do meio ambiente, com vistas à qualificação da relação entre o ambiente
natural e o ambiente construído, numa perspectiva de desenvolvimento sustentável e qualidade de
vida das populações”. (UPF, 2014).