Table of Contents Table of Contents
Previous Page  443 / 2158 Next Page
Information
Show Menu
Previous Page 443 / 2158 Next Page
Page Background

443

Desenvolvimento Sustentável”, adotada na 68ª Sessão da 71ª Plenária da Organização das Nações

Unidas, em dezembro de 2013, que retoma o tema debatido em eventos e sessões anteriores,

convidando os estados membros, organizações intergovernamentais, órgãos do sistema das

nações unidas e demais

stakeholders

a endossarem publicamente a importância da diversidade

cultural e assegurar a visibilidade e integração efetiva da cultura nas políticas de desenvolvimento

social, ambiental e econômico em todos os níveis de governo; e a Declaração de Florença,

aprovada na Itália em 2014, no Terceiro Fórum Mundial da UNESCO sobre Cultura e Indústrias

Culturais, que trata da Cultura, Criatividade e Desenvolvimento Sustentável.

Estes documentos sinalizam para a possibilidade e necessidade de apoiar-se na esfera cultural

para promover a sustentabilidade ambiental nas zonas urbanas e rurais históricas e colocam a

salvaguarda dos conhecimentos e práticas a elas associadas como potencial para a redução do

impacto ambiental das sociedades, uma vez que retoma e promove modos de produção e de

consumo ecologicamente menos impactantes, além de consistirem em soluções urbanísticas e

arquitetônicas viáveis. Além disso, os textos dispõem a cultura como um recurso para realizar

desenvolvimento e gestão sustentáveis das zonas urbanas.

A declaração de Hangzhou (2013)

leva em conta o papel da cultura como um sistema de valores,

como recurso e como fonte de criatividade e de renovação. Para isso, considera ações que situam

a cultura no centro das políticas de desenvolvimento sustentável. Estas ações, por sua vez,

pretendem integrar a cultura em todas as políticas e todos os programas de desenvolvimento;

mobilizar a cultura e a compreensão mútua para favorecer a paz e a reconciliação; garantir a todos

os direitos culturais para promover o desenvolvimento social inclusivo; utilizar a cultura para reduzir

a pobreza e assegurar um desenvolvimento econômico inclusivo; apoiar-se na cultura para

promover a sustentabilidade ambiental; fortalecer a resiliência às catástrofes e lutar contra a

mudança climática pela cultura; valorizar, salvaguardar e transmitir a cultura para as futuras

gerações; valer-se da cultura como recurso para realizar um desenvolvimento e uma gestão

sustentáveis das zonas urbanas; e apoiar-se na cultura para favorecer modelos de cooperação

inovadores e sustentáveis (Declaração de Hangzhou, 2013).

No que toca ao ambiente construído, a declaração faz menção à conservação dos ambientes

urbanos e rurais de valor histórico e cultural, inclusive das paisagens naturais, e defende que a

salvaguarda destes ambientes e sua cultura integrada é capaz de reduzir o impacto ambiental das

sociedades a partir do momento que promove modos de produção e consumo menos impactantes.

Os envolvidos na produção deste documento também relacionam a promoção da recuperação do

patrimônio cultural e das atividades culturais com a renovação da identidade de um povo. Nesta

perspectiva, a melhoria da qualidade dos ambientes históricos pode ser responsável por incentivar

práticas sustentáveis com as quais as comunidades já possuem identificação, ou até mesmo inserir

novas práticas coerentes com o contexto. Da mesma forma, museus e outras instalações culturais

podem cumprir o papel de espaços de diálogo e de inclusão social se introduzidos coerentemente

nas realidades que os recebem.

Por fim, ao tratar especificamente de intervenções em zonas urbanas, e em particular dos espaços

públicos, a declaração faz menção especial à preservação do tecido social, compreendido como os

aspectos relacionados aos indivíduos e à coletividade, ligados por uma ou mais relações sociais

profundas, compreendidas pela análise do poder, confirmando a concepção da cultura no centro de

todas as práticas, à qual se alicerça.

A Resolução 68/223 retoma e associa documentos e discussões sobre o desenvolvimento

sustentável integrado à cultura, como a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento

Sustentável conhecida como “O futuro que queremos” em 2012, a Declaração de Hangzhou e o

Fórum Mundial da Cultura de Bali, em 2013, dentre outros, trazendo princípios e recomendações