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2. RETENÇÃO DE ÁGUA
A capacidade de retenção de água de uma cobertura verde é influenciada, de acordo com
Hakimdavar et al. (2016), pela precipitação pluviométrica local, umidade do substrato e a
capacidade máxima de retenção de água do substrato. Diversos aspectos estão relacionados a
cada um destes tópicos, como a transpiração do substrato, evapotranspiração, espessura e
composição do substrato e da camada de drenagem, tipo de vegetação, entre outros apresentados
a seguir.
A composição do substrato deve envolver minimamente constituintes orgânicos e ser
principalmente formada por materiais inorgânicos, como perlita, vermiculita, areia e tijolo moído, o
que objetiva obter um substrato de baixa densidade, com o mínimo de nutrientes e estável
(VIJAYARAGHAVAN; JOSHI, 2015).
Alguns autores consideram limitada a capacidade de absorção de água desta composição e
exploram diferentes materiais, que possam otimizar o desempenho da absorção de água no
substrato, conforme descrito na tabela 1.
Tabela 1.
Desempenho de absorção dos materiais
Material
Desempenho de absorção
Referências
Turbinaria conoides
(alga marinha)
Positivo
Vijayaraghavan;
Joshi (2015)
Biochar
(biomassa
carbonizada)
Positivo (40% de biochar no substrato: 74% de redução no escoamento)
Cao
et
al.
(2014)
Positivo, porém com variações de desempenho entre experimentos interno e
externo (externo mais eficiente, interno não eficiente). Requer mais estudos.
Kuoppamäki et
al. (2016)
A espessura do substrato é uma variável de impacto questionável, com diferentes resultados nos
artigos pesquisados. Segundo Lee; Lee; Han (2015), a maior espessura do substrato é proporcional
à sua maior capacidade de retenção de água. De acordo com Chui; Liu; Zhan (2016), é mais rentável
financeiramente ampliar a espessura do substrato, ampliando a capacidade de retenção, do que
ampliar a área de cobertura verde. Elliott et al. (2016) encontraram maior variação sazonal na
retenção de uma cobertura verde de espessura 3 cm, em Nova York, comparando com uma
cobertura de 10 cm que não apresentou variações significativas conforme a estação do ano.
Em contrapartida, o experimento de Versini et al. (2015) demonstrou o mesmo desempenho de
substratos de 3 e 15 cm de espessura em eventos de alta precipitação, com o mesmo volume de
escoamento e pico de descarga deste. Houve diferença apenas com eventos de menor precipitação,
em que o substrato mais espesso produziu menor escoamento.
A irrigação da cobertura verde influencia negativamente a capacidade de retenção de água pluvial,
por aumentar a umidade do substrato (VOLDER; DVORAK, 2014). Quanto menor a umidade do
substrato antes de um evento de chuva, maior a capacidade de retenção de água e atraso na
liberação do escoamento (LEE; LEE; HAN, 2015; SCHMITTER et al., 2016; VOLDER; DVORAK,
2014). Em climas quentes e secos com chuvas mais escassas, o interesse maior está em manter a
umidade do solo para que as plantas possam sobreviver a longos períodos sem chuva ou irrigação;
este objetivo é alcançado, segundo Volder; Dvorak (2014), com maior densidade de plantas, o que
diminui a radiação e aquecimento do solo e aumenta a camada de ar acima do solo, reduzindo a
evaporação.
A evapotranspiração nas coberturas verdes é considerada, nos estudos analisados, como a
transpiração tanto das plantas, como do solo. A influência das plantas pode representar de 20% a