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Tabela 3.
Liberação de metais da cobertura verde ao longo do seu ciclo de vida
Liberação de metais
Fator determinante
Referências
Retenção de metais estável a longo prazo
- (não houve variação entre
espessuras de 6 e 16 cm)
Seidl et al. (2013)
Acúmulo de metais coletados começa a ser liberado
anos após instalação (cobertura verde intensiva)
Poluição atmosférica local
Speak et al. (2014)
Aumenta quanto maior for a espessura do substrato Quantidade de solo que
acumula e libera poluentes
(não comprovado)
Razzaghmanesh; Beecham;
Kazemi (2014)
Poluição inicial é maior, com redução gradual
-
Vijayaraghavan; Joshi (2015);
MacAvoy et al. (2016)
Poluição inicial é maior, com redução gradual
- (não houve variação
conforme temperatura)
Buffam; Mitchell; Durtsche
(2016);
Uma variável notável na qualidade da água do escoamento é a temperatura, observada por Buffam;
Mitchell; Durtsche (2016). O escoamento apresentou quantidade de elementos bioativos como
fósforo, cálcio, carbono e nitrogênio significativamente maior no verão, em relação ao inverno, com
alguns elementos tendo sua quantidade até 4 vezes maior. Segundo os autores, isto sugere que
dinâmicas internas da cobertura verde são influenciadas pela temperatura e que isto pode
influenciar mais na qualidade do que a absorção das plantas. As variações sazonais do local
estudado são altas, com temperatura máxima de 4°C no inverno e 31°C no verão. Conforme Bueno
et al. (2012), há variações no metabolismo das plantas conforme a temperatura. Sendo assim, a
variação de desempenho encontrada por Buffam; Mitchell; Durtsche pode estar mais relacionada à
própria atividade metabólica da planta do que à mineralização microbial do conteúdo orgânico, como
os autores sugerem.
As pesquisas que comparam o conteúdo do volume de escoamento de coberturas verdes com o de
coberturas comuns ou de substrato sem vegetação, em geral apontam as coberturas verdes com
desempenho superior; um exemplo é a conclusão de Beecham; Razzaghmanesh (2015) sobre a
comparação de coberturas verdes com coberturas que possuem apenas substrato sem vegetação.
Segundo Seidl et al. (2013), em seu estudo que comparou o conteúdo do volume de escoamento
de uma cobertura verde e de uma cobertura sem vegetação nem substrato, a cobertura verde
concentrou mais fosfato, carbono e nitrogênio, mas a quantidade de metais foi menor especialmente
em substratos de maior espessura.
Da mesma forma que há estudos sobre materiais que possam otimizar a retenção de água das
coberturas verdes, há também estudos sobre a capacidade de retenção de poluentes de diferentes
materiais (tabela 4). Por vezes, os mesmos estudos avaliam ambas características a respeito de
um material.
A respeito do volume de precipitação, MacAvoy et al. (2016) observaram que este não interfere na
quantidade de nutrientes e sólidos suspensos presente no volume de escoamento. Buffam; Mitchell;
Durtsche (2016) afirmaram que a concentração de alguns elementos tende a ser menor durante
eventos de chuva mais longos, principalmente se acontecerem após período seco, mas que, mesmo
assim, a diferença não é significativa.
A respeito da alcalinidade, todas as pesquisas investigadas apresentaram resultados similares,
tendo demonstrado a capacidade da cobertura verde em neutralizar o pH significativamente, através
da diminuição da acidez. O benefício ambiental desta característica é significativo, principalmente
em cidades de expressiva atividade industrial (VIJAYARAGHAVAN; JOSHI, 2015). O pH é mais
ácido apenas quando se trata de escoamento proveniente de práticas de agricultura urbana
(WHITTINGHILL et al., 2016).