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A dinâmica deste espaço urbano segundo Miranda (2009) apresenta seletividade de acesso ao solo,

crescente irregularidade fundiária, práticas especulativas, apropriação privada de investimentos

públicos, expansão urbana periférica e comprometimento dos recursos naturais.

A pressão por mudança neste limite do espaço urbano segundo Whitehand e Morton (2003), pode

ser categorizada em dois tipos, a que está associada a mudança ou a continuidade do uso do solo

existente. As principais pressões para as mudanças se devem: mudança de lideranças das

comunidades ou organizações, desejo dos próprios moradores em iniciar a mudança, corpo externo

que influencia a mudança (autoridade local, instituições e empresas) e a expansão residencial, esta

é geralmente articulada pelos proprietários das terras.

Quanto às questões socioculturais e de violência que estão presente nas bordas urbanas, segundo

Maricato (2000) e Silveira (2014), são desafios para melhoria da periferia: a concentração territorial

homogênea pobre, segregação espacial, falta de opções culturais e esportivas, urbanização

espraiada, precária e incompleta, baixa regulação social e ambiental, restrição da mobilidade

cotidiana, desemprego crescente, aumento da diversidade e configurações de usos, a existência

de espaços fragmentados e dispersos, a baixa densidade construtiva e populacional e expansão

urbana para fora. Esta realidade segundo Maricato (2000) aponta para enfraquecimento das

entidades como a família e os poderes públicos constituídos.

A complexidade existente nas bordas urbanas, segundo Schlee (2011) se deve pela composição

heterogênea, pois estas são compostas por várias dimensões, matizes, áreas formais e informais,

florestas e domínio público, exclusão versus inclusão, valorização versus desvalorização, legalidade

e ilegalidade e situações híbridas.

A paisagem nas bordas urbanas segundo Whitehand e Morton (2003) e Miranda (2009) necessitam

de maior atenção, pois são a interface entre a área natural e antrópica. É importante a manutenção

da fauna e flora, da pré-existência da estrutura morfológica do traçado viário das áreas rurais, os

recursos naturais e os sistemas de mananciais, questões estes importantes para o equilíbrio entre

meio ambiente e infraestrutura urbana.

2.2 AS POSSIBILIDADES DE MELHORIA DAS BORDAS URBANAS PELO ENFOQUE DAS

CARTAS PATRIMONIAIS

As cartas patrimoniais são fruto de uma série de discussões ao longo de anos e tem caráter

indicativo, está longe de ser uma receita, são passíveis das mais diversas interpretações e talvez

por isso são atemporais e sua validade é inquestionável. O IPHAN (2016) disponibiliza as cartas e

a partir da leitura de todas foi feita uma reflexão e dentre as mesmas serão apresentadas abaixo as

que enfocam e são validas para as bordas urbanas.

A Carta de Atenas II foi desenvolvida pelo CIAM (Congresso Internacional de Arquitetura Moderna)

em 1933 e foi um importante manifesto para a urbanidade. Este documento afirma que a base para

ocupação de um território deve ser o suporte físico (geografia, linhas de divisão de águas, morros,

entre outros) e que se evite a ocupação em áreas de risco, pior orientação solar e acessibilidade

dificultada.

Para a periferia o uso adequado da densidade e da verticalização, pois a baixa densidade acarreta

altos custos per capto para a municipalidade prover serviços públicos. Ainda a boa incidência de

sol, a precariedade na infraestrutura; anéis urbanos e superfícies verdes limítrofes. A funcionalidade

e o planejamento adequado do uso do solo pois cada função e indivíduo deve ter seu justo lugar. O

conflito entre habitação e vias com alto fluxo, cruzamentos, ruídos, poeira e gases nocivos. Quanto

ao fluxo e mobilidade urbana, as vias foram classificadas e estratificadas pelo seu usuário em vias

arteriais, coletoras e locais. O transporte público deve ser fluído, a fim de aumentar a velocidade e

seu desempenho e com relação de distância-tempo de difícil solução. A carta apresenta as quatro