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à sustentabilidade pela dimensão da permanência, por sofrer constantes modificações e estas por
muitas vezes são determinantes, a temporalidade é uma de suas principais características.
As bases de suporte para a ocupação, a relação de vias de alto fluxo e a habitação foram previstas
na Carta de Atenas II e não foram discutidas pelos autores estudados. Quanto a sustentabilidade a
dimensão principal é o lugar, pois a base de suporte para a ocupação trata da geografia, topografia,
acessibilidade. Já relação de vias de alto fluxo e a ocorrência de habitações é uma questão que
gera uma série de problemas no espaço urbano, referentes a poluição atmosférica, ruído,
fragmentação, entre outros.
A Declaração de Estocolmo, Carta de Macho Picho e Carta do Rio são cartas patrimoniais que vão
tratar do planejamento urbano englobando dentro das discussões a preservação da natureza.
Quanto a sustentabilidade a dimensão da Permanência é importante, pois segundo Seghezzo
(2009) o planejamento tem sido muitas vezes renegado a um papel secundário e esta é a dimensão
onde o planejamento e a consideração dos efeitos futuros de hoje ações e omissões são
fundamentais.
A Carta de Atenas II indica a distância-tempo de deslocamento do bairro ao centro como uma ação
importante, ainda hoje é uma das questões que merecem estudos e desafia os urbanistas pelas
longas jornadas diárias que os moradores das periferias são obrigados a realizar. Quanta a
sustentabilidade a dimensão das pessoas, segundo Seghezzo (2009) o poder público não consegue
prover o cidadão de serviços mínimos que contribuam para sua autonomia, liberdade, realização, e
para o desenvolvimento de relações interpessoais.
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
As bordas urbanas são a consequência de um processo de urbanização brasileiro que ocorreu de
forma rápida e incompleta. Ao analisar as bordas urbanas pelo olhar das cartas patrimoniais é uma
oportunidade de revisar postulados, rever posturas e tornar a discutir a melhoria deste espaço
urbano.
As cartas patrimoniais são documentos de cunho propositivo que podem ser reinterpretados e que
contribuem nas proposições de melhorias para a borda urbana. Como no caso da Carta de Atenas
II que foi escrita em 1933 e a Carta de Machu Picchu de 1977 que tratam da urbanidade de uma
forma mais direta. Hoje é possível verificar que há muitos postulados que não foram seguidos e se
fossem retomados, com certeza a periferia das cidades seria mais qualificada.
A Declaração de Estocolmo e Carta do Rio tratam de questões referentes ao meio ambiente e
recursos naturais, bem-estar humano. Foi possível indicar ações para as bordas urbanas referentes
a planejamento urbano que respeitem os recursos naturais, segundo Miranda (2009) as bordas
concentram os recursos naturais, áreas de expansão urbana e os sistemas de mananciais, questões
importantes para o equilíbrio entre meio ambiente e infraestrutura urbana.
E a Carta de Brasília e de Mar del Plata apontam melhorias na preservação da miscigenação,
cultura, identidade e patrimônio imaterial para as bordas. Para isso é imprescindível levar em
consideração as características socioculturais presentes neste espaço urbano, como baixa
escolaridade e renda, moradores em maior proporção de negros, ocorrência de desemprego,
provenientes do processo de migração do meio rural, entre outras.
A discussão sobra a sustentabilidade das bordas urbanas, sob as cinco dimensões propostas por
Seghezzo (2009) com a dimensão do lugar, permanência, e a pessoa. Se mostrou interessante pois
as propostas de melhoria sempre ocorrem no espaço urbano, estas indicações teriam
consequências na qualificação da vida das pessoas que residem na periferia. Na dimensão
permanência (tempo) as proposições têm resultados no curto prazo com o uso do espaço