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2022

groups of respondents: 47 architects; 46 non-architects college graduates and 30 non-college

graduates. Data analysis was performed through non-parametric statistical tests. The main results

show, for example, that in tall buildings adjacent to open spaces characterized by the presence of

natural elements such as parks, the quality of views to these spaces is more satisfactory in flats on

lower floors than in those on higher floors.

Keywords:

Tall buildings; Quality of views; Urban aesthetics.

1. INTRODUÇÃO

A verticalização tem se tornado um fator de grande impacto na morfologia de muitas cidades

(MACEDO, 2015). A inserção de edifícios altos no espaço urbano altera as relações entre as

edificações e entre estas e os espaços abertos. Tais alterações tendem a modificar as vistas

previamente existentes a partir de edificações mais baixas. Ainda, a proliferação de edifícios altos

tem um impacto sobre as vistas a partir de apartamentos em tais edifícios e, logo, na qualidade de

vida de seus moradores e na sustentabilidade social destes edifícios. A sustentabilidade social,

assim como a sustentabilidade ecológica (ou ambiental) e econômica, é uma das três dimensões

do conceito de “desenvolvimento sustentável” (LEGENDRE, 2003; REIS, 2002; SILVA, 2007), que

remete à existência de um balanço entre os aspectos econômicos, ambientais (ou ecológicos) e

sociais (WHITE; ELLIS, 2007). Conforme salientado por Kruse (1997), o conceito de

“sustentabilidade social” deve considerar as pessoas como “seres culturais”, ultrapassando a noção

de seres humanos “como organismos que vivem com base num mínimo de necessidades diárias

de calorias e água”. Assim, a sustentabilidade social trata, por exemplo, dos padrões de atividades

em diferentes contextos culturais e sociais nos quais as pessoas vivem e dos padrões de

comportamento relacionados à experiência habitacional, trabalho e relações sociais (KRUSE,

1997). Logo, o desenvolvimento sustentável também implica “[...] melhoria da qualidade de vida dos

seres humanos, nos níveis urbanos e arquitetônicos, dentro da capacidade do ecossistema global

[...]” (OKTAY, 1999). Assim, a sustentabilidade social diz sobre a adequação dos locais onde as

relações sociais se desenvolvem (LEGENDRE, 2003) e uma construção socialmente sustentável

na Grã-Bretanha implica em “[...] edifícios e estruturas que aumentem a satisfação, o bem-estar e

o valor para clientes e usuários [...]” (SILVA, 2007). Logo, a sustentabilidade social trata também de

aspectos tais como qualidade estética da arquitetura, ambiente interno e adequação ao entorno

(SILVA, 2007), o que inclui a qualidade das vistas a partir de edifícios altos.

A relevância da qualidade estética das vistas a partir das janelas dos edifícios tem sido identificada

em diversos estudos, por exemplo, sobre apartamentos, escritórios, prisões e hospitais (p. ex.

ULRICH, 1984; KAPLAN; KAPLAN; RYAN, 1998; KAPLAN, 2001).

De acordo com diversos autores (LYNCH, 1960; NASAR, 1998; KAPLAN; KAPLAN; RYAN, 1998;

REIS; PEREIRA; BIAVATTI, 2010), as vistas preferidas pelas pessoas tendem a se caracterizar por

campos visuais amplos, organizados e com alguma variação. A presença de elementos naturais -

áreas gramadas, ajardinadas, árvores e água - na vista a partir da janela de apartamentos têm

implicações positivas no bem-estar e nos níveis de satisfação de seus residentes (KAPLAN;

KAPLAN; RYAN, 1998; KAPLAN, 2001). As vistas da cidade a partir de andares altos também têm

sido citadas como agradáveis (GONÇALVES, 1999; GIFFORD, 2007). Por outro lado, vistas

desagradáveis tendem a estar caracterizadas por outros edifícios muito próximos, fachadas

monótonas, estacionamentos, paredes cegas e muros (NASAR, 1992; REIS; AMBROSINI; LAY,

2004; REIS; PEREIRA; BIAVATTI, 2010). No caso dos edifícios altos ainda podem existir vistas

desagradáveis para telhados ou terraços de edificações mais baixas, que normalmente contém

elementos pouco atraentes tais como caixas d’água, chaminés, antenas, e aparelhos de ar

condicionado. Ainda, estudos (p. ex. CIBSE, 1987; REIS; PEREIRA; BIAVATTI, 2010) revelam uma