2023
queda acentuada nos níveis de satisfação com as vistas quando o céu é totalmente ou amplamente
obstruído por edifícios altos, o que tende a ocorrer, por exemplo, com as vistas a partir de andares
baixos de edifícios altos próximos a outros edifícios altos. Por outro lado, até o quinto andar ainda
é possível interagir, a partir de uma janela ou sacada, com alguém em uma calçada, e assistir a
vida na cidade. Acima de cinco andares a situação muda drasticamente, pois detalhes não podem
ser vistos, as pessoas no nível do solo não podem ser reconhecidas nem contatadas (GEHL, 2010).
Contudo, a qualidade estética das vistas é largamente utilizada como elemento de divulgação de
lançamentos imobiliários, tanto no Brasil quanto no exterior, refletindo-se no preço de compra ou no
aluguel de um apartamento e até mesmo na tarifa do quarto de um hotel, com os andares mais altos
implicando em maior custo, com base na suposta vista mais qualificada da paisagem (KAPLAN,
2001; SECOVI, 2012).
Entretanto, são necessários mais estudos que possibilitem identificar a qualidade das vistas a partir
de distintos andares de edifícios altos localizados em diferentes contextos urbanos, a partir das
percepções das pessoas.
2. OBJETIVO
O objetivo deste artigo é avaliar a qualidade de vistas para o espaço urbano a partir de apartamentos
em diferentes andares de edifícios altos localizados em distintos contextos, considerando as
percepções de distintos grupos de respondentes.
3. MÉTODO DE PESQUISA
A coleta de dados foi realizada através de questionários disponibilizados via internet para
respondentes residentes há pelo menos um ano em Porto Alegre–RS. O emprego da internet para
divulgação e preenchimento de questionários através de programas como o Lime Survey, auxilia o
pesquisador na obtenção de um maior número de respondentes em um determinado espaço de
tempo, elimina a necessidade de deslocamento para a aplicação do questionário e possíveis erros
na tabulação dos dados, uma vez que estes são transferidos diretamente do programa Lime Survey
para a planilha do programa estatístico SPSS/PC, conforme já atestado em diversos estudos
(RECKZIEGEL 2009; GREGOLETTO, REIS, 2012; ANTOCHEVIZ, 2014).
O
link
de acesso ao questionário foi enviado via e-mail, juntamente com uma carta de apresentação,
para contatos existentes com
solicitação de compartilhamento com os seus conhecidos, utilizando-
se da técnica de amostra em bola de neve (
snowball sample
) (Handcock & Gile, 2011), a fim de
aumentar o tamanho da amostra. Tais
link
e carta também foram encaminhados, via e-mail, para
empresas de engenharia e contabilidade, escritórios de arquitetura e curso pré-vestibular, para que
fossem repassados para seus funcionários e estudantes. Ainda, houve a divulgação do questionário
na rede social
a partir da conta pessoal do primeiro autor e através de grupos específicos
de arquitetos e de alunos e de ex-alunos do PROPUR/UFRGS.
Os respondentes dos questionários foram divididos em 3 diferentes grupos, de acordo com o seu
tipo e nível de formação acadêmica, totalizando 123 pessoas conforme segue: (i) 47 arquitetos; (ii)
46 não arquitetos com curso universitário completo; e (iii) 30 pessoas sem curso universitário
concluído ou iniciado.
O questionário foi constituído por questões relativas às características composicionais dos
respondentes e por questões relacionadas a vistas a partir da janela principal da sala de
apartamentos situados em edifícios altos na cidade de Porto Alegre. Em uma questão sobre
preferência de vistas a partir de apartamentos em distintos contextos urbanos foi solicitado aos