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1979

problemática urbana contemporânea, apresenta uma reflexão teórica sobre a produção do espaço

urbano.

2. OBJETIVO

O objetivo do artigo é apresentar a insustentabilidade do espaço urbano contemporâneo no contexto

brasileiro a partir de uma lógica de produção de excedente.

3. MÉTODO DE PESQUISA

O trabalho tem como método a revisão de conceitos relacionados ao direito à cidade, às raízes

urbanas da crise capitalista e princípios do urbanismo – propostos respectivamente por Henri

Lefebvre, David Harvey e François Ascher – a contextualização ao contexto brasileiro a partir de

conceitos relacionados à segregação socioespacial e à atuação dos agentes produtores do espaço

– apresentados por Ermínia Maricato, Raquel Rolnik e Marcelo Lopes de Souza – e, por fim, a

revisão do Estatuto da Cidade, dos pressupostos da Agenda 21 e Habitat I, II e III e o confronto dos

mesmos com uma lógica sustentável.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Como resultado, o artigo apresenta uma síntese acerca do tema produção do espaço urbano

contemporâneo a partir da ótica sustentável no contexto brasileiro. Esta síntese organiza-se do geral

ao particular, partindo de aproximações ao

direito à cidade, raízes urbanas da crise capitalista e

princípios do urbanismo

, à

segregação socioespacial e a atuação dos agentes produtores do espaço

no contexto brasileiro

e ao

Estatuto da Cidade, pressupostos da Agenda 21 e Habitat I, II e III e a

lógica sustentável

.

.

4.1 DIREITO À CIDADE, RAÍZES URBANAS DA CRISE CAPITALISTA E PRINCÍPIOS DO

URBANISMO

A própria cidade é uma obra, e esta característica contrasta com a orientação irreversível na direção

do dinheiro, na direção do comércio, na direção das trocas, na direção dos produtos. Com efeito, a obra

é valor de uso, e o produto é valor de troca. O uso principal da cidade, isto é, das ruas e das praças,

dos edifícios e dos monumentos é a Festa (que consome improdutivamente, sem nenhuma outra

vantagem além do prazer e do prestígio, enormes riquezas em objetos e em dinheiro) (LEFEBVRE 1991,

p.4)

A citação de Lefebvre ilustra a cidade como obra onde o protagonismo capitalista confunde valores

de uso e de troca. Os valores de troca, no caso, se sobrepõem aos valores de uso. Este conflito vai

em contra ao surgimento das cidades, uma vez que seu surgimento é decorrente de práticas sociais

e tendo como secundário a financeirização de sua estrutura. Esta inversão de valores, percebida

na contemporaneidade, é capaz de criar segregação social e conflitos. Conforme coloca Lefebvre:

No sistema urbano se exerce a ação desses conflitos específicos: entre valor de uso e valor de troca,

entre a mobilização da riqueza e o investimento improdutivo na cidade, entre a acumulação do capital e

sua dilapidação nas festas, entre a extensão do território dominado e as exigências de uma organização

severa desse território em torno da cidade dominadora” (LEFEBVRE 1991, p.6)

As transformações urbanas ao longo do tempo representam continuidades e descontinuidades,

traduzidas em desuso e abandono ou em transformações de uso. O planejamento urbano é e deve