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principal limitação é que a exportação de modelos por formatos IFC e XML é imperfeita e nem
sempre fornece uma fonte confiável de dados geométricos. Por outro lado, a maior parte dos
pesquisadores concordam que há muito potencial neste processo. A dificuldade para a exportação
adequada se dá por diversos fatores, como: a grande variedade de software disponíveis e tipos de
análises; do nível de experiência do usuário; meios de obenção de propriedades físicas do edifício;
preferências pessoais em termos de fluxo de trabalho; e o nível de detalhamento do modelo. Por
conseguinte, são necessárias novas investigações e maior desenvolvimento no sentido de otimizar
o compartilhamento de dados e automatizar os processos através de padrões comuns, tornando
rentável a simulação energética durante a etapa de projeto de edificações.
1.2 Software de simulação energética
O Revit é uma ferramenta desenvolvida pela Autodesk para a criação de projetos em BIM. O
software está disponível comercialmente e permite a modelagem parametrizada em 3D para
projetos arquitetônicos, estruturais e complementares. O programa também apresenta uma
ferramenta chamada Energy Analysis que permite realizar simulações energéticas dos modelos,
produzindo relatórios do comportamento energético da edificação. Porém, as análises possuem
algumas restrições e muitas vezes apresentam informações superficiais e insuficientes,
necessitando de ferramentas complementares para análises mais detalhadas do desempenho
(QUEIRÓZ et al. 2015). Ferramentas específicas para análises energéticas do edifício também
foram disponibilizadas pela própria empresa desenvolvedora do Revit oferecendo mais opções de
compatibilidade de dados, como por exemplo o Ecotect e Green Building Studio.
Por outro lado, o EnergyPlus é um software gratuito amplamente utilizado em pesquisas de
simulação energética no mundo todo. De acordo com Silva et al. (2016), o EnergyPlus é um
programa de código aberto que foi desenvolvido em colaboração entre diversos institutos
acadêmicos, pesquisadores e laboratórios nacionais do Departamento de Energia dos EUA (DOE).
A ferramenta possui uma longa história de testes analíticos e comparativos, sendo constantemente
atualizado com novas versões.
O programa EnergyPlus foi escolhido para este estudo de interoperabilidade com o Revit devido ao
seu reconhecimento como ferramenta para simulação dinâmica de edifício. Diversas publicações
analisam e validam o uso desta ferramenta de forma positiva. Gomes (2010) estudou a validação
da modelagem com o programa EnergyPlus por comparação de medições
in situ
. No estudo de
Shabunko et al. (2016) foram desenvolvidos modelos no EnergyPlus para de projetos de construção
tipicamente usado em habitações na Ásia, comparando o desempenho energético de 400 edifícios.
Yang et al. (2015) avaliaram a precisão e a aplicabilidade de modelos térmicos no EnergyPlus para
calcular os efeitos da umidade e das taxas de infiltração sobre o consumo de energia. Já, Barbosa
et al. (2013) avaliaram o desempenho térmico de um ambiente com fachada dupla, mostrando
vantagens do EnergyPlus em relação às simulações por Dinâmica dos Fluidos Computacional
(
Computacional Fluid Dynamics
- CFD) por considerar as variações anuais das condições de
contorno. Batista et al. (2011) avaliaram os algoritmos que o software utiliza para a simulação dos
processos de condução e convecção, assim como Anđelković et al. (2016), que empregam o modelo
de rede
Airflow Network
para ventilação natural, e apresentam como resultado um alto nível de
correspondência entre valores reais medidos e valores simulados. A NBR 15.575 (ABNT, 2013)
também recomenda o emprego do EnergyPlus para a realização das simulações computacionais
de desempenho térmico. A norma permite a utilização de outros programas, desde sejam validados
pela
American Society of Heating, Refrigerating and Air-Conditioning Engineers
(ASHRAE) -
Standard 140. O Regulamento Técnico da Qualidade para o Nível de Eficiência Energética de