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está finalizada, impossibilitando ajustes e soluções eficientes. Devido à falta de processos
interativos no projeto, algumas inconsistências só podem ser percebidas na execução, o que pode
comprometer o projeto original e todo seu andamento. Portanto, é fundamental o uso de tecnologias
que envolvam modelos inteligentes e troca de informação para o desenvolvimento de construções
mais sustentáveis. Visto isso, o presente trabalho pretende analisar a interoperabilidade entre duas
ferramentas que vêm sendo amplamente utilizadas em projetos que envolvem modelagem BIM e
análises energéticas.
1.1 Modelagem da Informação da Construção e Interoperabilidade
O
Building Information Modeling
(BIM), em português, Modelagem da Informação da Construção, é
um conceito de modelagem que apresenta todo o conjunto real do edifício, uma vez que considera
todas informações digitalizadas e relacionadas ao projeto, fornecendo desenhos conceituais e
detalhados, permitindo que a construtibilidade seja analisada antes da execução. O BIM é um dos
avanços mais promissores na indústria de arquitetura, engenharia e construção (AEC). Com esta
tecnologia é possível criar modelos virtuais de edificações de forma extremamente acurada. Quando
prontos, estes modelos gerados contêm geometrias precisas e dados necessários para representar
e auxiliar a construção, fabricação e também a aquisição de produtos para a edificação (EASTMAN
et al., 2011). Segundo Yung e Wang (2014), o BIM é uma técnica que usa modelos 3D em conjunto
com outras ferramentas inteligentes para se obter informações importantes sobre o projeto e
construção, como por exemplo, informações relacionadas ao tempo e cronogramas (4D), e custos
e orçamentos (5D). Em relação à sexta dimensão do BIM, ainda não há um conceito bem definido
entre os diversos autores e pesquisadores da área, porém pode-se afirmar que o termo BIM 6D
abrange o ciclo de vida da construção voltado ao desempenho, manutenção e sustentabilidade. Ou
seja, uma vez que o BIM permite que informações multidisciplinares estejam presentes em um
modelo, cria-se uma oportunidade para que índices de sustentabilidade sejam incorporados ao
longo do processo de concepção (JRADE; ABDULLA, 2012).
O intercâmbio de dados entre duas aplicações diferentes pode ser feito de quatro maneiras: a)
através de ligações diretas entre ferramentas BIM específicas; b) por formatos de arquivos de
intercambio proprietários, desenvolvidos por uma empresa para interfacear outro aplicativo daquela
mesma companhia ou outra específica; c) formatos públicos de intercambio, os quais envolvem o
uso de um padrão aberto para os modelos. O Industry Foundation Classes (IFC), por exemplo, é
uma das principais opções internacionais de formato de intercambio público, foi desenvolvido para
criar um grande conjunto de dados e informações e permitir que estes sejam intercambiados entre
diversas aplicações na indústria de AEC; d) formatos de intercambio baseados em
eXtensible
Markup Language
(XML), que é uma extensão para o HTML, a linguagem usada para enviar
informações pela web. Diversas plataformas oferecem a alternativa de transferência de arquivo no
formato
Green Building
XML (gbXML), o qual foi desenvolvido para transferir informações
necessárias para análise de energia e do envelope de construções, zonas térmicas e simulação de
equipamentos mecânicos (EASTMAN et al., 2011).
Segundo Miller et al. (2014), o acesso convencional às informações contidas nos modelos BIM
basea-se em formatos de dados como gbXML e arquivos IFC para interoperabilidade com
programas de simulação energética. Porém, usuários destes formatos possuem pouco controle
sobre como eles são criados ou carregados, e portanto, a extração de dados e a interoperabilidade
ficam limitados. Ugliotti et al. (2016) também concorda que indústria da construção ainda é muito
inconsistente em termos de adoção da exportação de dados do BIM para software de análise. A