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Em relação a qualidade do ambiente interno, o empreendimento busca o controle do sistema de
iluminação e de conforto térmico através da redução de ilhas de calor em áreas descobertas, com
a mudança do índice de refletância solar (SRI) dos revestimentos cerâmicos e piso, além do
aproveitamento de iluminação natural, com as fachadas em vidro. A pintura de paredes e pisos
prezou pelo uso de tintas, massas e seladores sem compostos orgânicos voláteis (COV’s), cuja
inalação pode produzir efeitos adversos a saúde humana.
No que diz respeito ao critério “Materiais e Recursos”, o emprego de 3,35% a mais do que o
estimado inicialmente para as esquadrias, através da aquisição de portas com madeira certificada
FSC contribuiu para atingir a pontuação pretendida neste critério.
Tratando-se de uma obra de médio porte que visa o nível prata de certificação, constata-se um
acréscimo ao valor total da obra de 6,98%, o que representa um percentual em conformidade com
as referências da literatura de Porto (2006) quanto ao porte de uma obra e Abbate (2010), pois
encontra-se na faixa de 5 a 10% do custo total do empreendimento. Com isso, este investimento
se adequa a proposta de benefícios da certificação durante a fase de utilização para os
ocupantes, como valorização do imóvel, aumento da satisfação e bem-estar dos usuários, uso de
materiais e tecnologias de baixo impacto ambiental, além da contribuição para o aumento da
conscientização ambiental.
Com relação ao quesito energético de uma construção sustentável, o GBC Brasil (2016) destaca
que edificações brasileiras poderiam apresentar, sem muitos esforços adicionais, um potencial
mínimo de redução de 30% ou mais. Logo, o percentual encontrado neste trabalho configura um
custo adicional plausível para uma edificação deste tipo, uma vez que o retorno financeiro se dá
ao longo do tempo, através da redução de custos operacionais, como aqueles com água e luz.
5. CONCLUSÃO
O estudo de caso permite concluir que a adequação aos requisitos do LEED Prata na edificação
residencial analisada é passível de ser alcançada com um aumento de 6,98% no custo total da
obra. Os objetivos da pesquisa foram alcançados, uma vez que os resultados revelaram a
diferença de custo associada à adoção do sistema LEED de certificação. Cabe ressaltar que o
percentual encontrado integra um cenário de usuários pouco experientes de certificamento na
região, caracterizado pelo acréscimo de custos em um projeto desta natureza. Esta adição
consiste em um valor expressivo no custo global do empreendimento, e caso não seja
considerada na fase de viabilidade econômica, pode comprometer a implantação da certificação.
Ainda existem muitos obstáculos para a consolidação de edifícios residenciais sustentáveis na
região norte. Através da pesquisa, comprovou-se que as mudanças referentes aos custos de
produção para adequação ao LEED ainda esbarram em dificuldades como a falta de informação
sobre produtos que atendem as exigências do selo verde, por parte de fornecedores,
representantes e profissionais. Além disso, a dificuldade para obtenção de dados sobre o reduzido
número de edifícios certificados na região, apenas 20 em um total de 1104 no país, prejudica a
existência de indicadores que sirvam de referência para a difusão da aderência ao movimento das
construções sustentáveis.
Na pesquisa, os itens orçamentários verificados como os mais expressivos em relação ao custo
total do empreendimento, foram referentes à revestimento cerâmico e piso, esquadrias e
serralheria, pintura, revestimento e acabamento de fachadas, instalações e diversos. Dentre
estes, percebe-se que foram investidos cerca de 4,66% a mais do valor total inicial obra na
aquisição de equipamentos como elevadores, louças e metais, e na substituição de cabos da
prumada para economia de recursos, logo, as mudanças que tiveram maior relevância tiveram
direcionamento à otimização do consumo por parte dos usuários.