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resources by evaluating their actions and habits, thus focusing on sociocultural aspects of
sustainability. Therefore the following steps are presented: (i) theoretical foundation of the work; (ii)
discrimination of the evaluation attributes regarding the environmental quality of the houses; (iii)
elaboration of the questions to be inserted in the proposed evaluation system; (iv) creation of
educational feedbacks to users on the elaborated questions and (v) monitoring of the development
of the proposed evaluation system. The preliminary results show that the use of technology with
digital media resources may minimize some frequent problems in traditional POE studies as they
increase the efficiency of the evaluation results, reduce their execution time and their costs, apart
from making the respondents more interested, especially in questions related to the sustainability
of the constructed environment.
Keywords:
Post-occupancy evaluation; Technology innovation; Digital interfaces; Environmental
quality; Sustainability.
1. INTRODUÇÃO
Amplo campo de possibilidades de pesquisa, o tema da moradia tem sido estudado a partir de
diferentes abordagens e recortes. Mesmo que as perspectivas de análise variem, coadunam o
entendimento de que morar representa ato fundamental da existência humana. Uma das
interpretações que mais enfatizam a importância psíquica da casa para a constituição do indivíduo
é da Bachelard (1993), ao indicar que a casa possibilita ao homem um enraizamento profundo na
vida, configurando-se como um elemento de estabilidade (um abrigo) frente ao exterior hostil.
Já para Kunze e Conciani (2004), a moradia constitui uma necessidade básica e mínima para a
sobrevivência do ser humano. Além da condição de espaço protetivo como abrigo, representaria
também o espaço da vida privada, que permite o estabelecimento interdependente das relações e,
ao mesmo tempo, o respeito à intimidade. Lima (2007), por sua vez, amplia essa interpretação, ao
perceber que habitar diz respeito à realização de várias atividades humanas, sejam elas
puramente domésticas (como dormir, higienizar-se, preparar alimentos e lavar roupas), ou
relacionadas ao trabalho e lazer (ler, estudar, ouvir música, entre outras) – sendo que cada uma
dessas ações, além de divergirem entre si, podem ser exercidas de maneiras variadas de acordo
com o tipo de família que as realizam. O habitat representaria, em síntese, o lugar da vida.
Nesse sentido, ao mesmo tempo em que os espaços de moradia são individuais, apresentam sua
dimensão coletiva: cada membro da família ocupa um mesmo invólucro e, ademais, as pessoas
dessa única família interagem e se socializam com a vizinhança, o bairro e a cidade (ARAÚJO,
2005). Dessa forma, a análise da casa, abrigo do “morar”, deve estar sempre relacionada com a
investigação sobre o território físico e o ambiente em que se assenta.
Indagar “COMO VOCÊ MORA”, no âmbito da pesquisa em desenvolvimento e em parte aqui
apresentada, portanto, busca apreender os múltiplos significados do morar nas seguintes
dimensões: física (a casa em si), comportamental (relativa à moradia – à casa e aos seus
usuários) e urbana (enquanto habitação – a casa no mundo). Considerando a importância do
morar para o ser humano, justifica-se também a necessidade de saber como os habitantes de
nossas cidades estão sendo abrigados. Ou seja, importa avaliar a qualidade do habitar.
Nesse contexto, observa-se que as cidades brasileiras recebem anualmente centenas de
unidades habitacionais, implementadas pelo poder público e privado, que contrariam princípios
básicos da habitabilidade: aspectos de funcionalidade, espaciosidade e privacidade geralmente
não são atendidos – conforme pode ser comprovado em estudos de avaliação pós-ocupação
(GRANJA et al., 2009; VILLA; SARAMAGO; GARCIA, 2015). Essa situação se intensificou
especialmente nos últimos anos, quando houve um significativo aumento do acesso ao crédito,