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A remodelação da ETE, que atende a uma população de 650.000,00 pessoas, substituiu o um
processo convencional de lodos ativados para possibilitar a recuperação de nutrientes, geração de
biogás e economia de energia. As mudanças permitiram a redução de custos operacionais,
economia de 40% do capex e redução da área física da planta em três quartos. Os dois reactores
PHOSPAQ da Stoke Bardolph são a primeira instalação do Reino Unido e apenas a terceira na
Europa e são utilizados para precipitação de cristais e estruvita. Espera-se uma economia de £
70.000 por ano pela redução de custos de manutenção por danos causados pela estruvita nos
equipamentos da planta. Além disso, precipitar struvita irá gerar aproximadamente 736 toneladas
por ano de fósforo para conversão em fertilizantes, proporcionando à ETE receitas adicionais.
Espera-se que as instalações produzam aproximadamente 2 toneladas por dia de estruvita de alta
qualidade, equivalente a 2.000 toneladas por dia de rocha minada.
Espera-se que a quantidade de fosfato utilizada em fertilizantes alcance 52,9 milhões de toneladas
até 2030, e as Nações Unidas preveem um aumento de 70% até 2050. O preço do minério de
fosfato tem aumentado significativamente nos últimos 10 anos, e hoje atualmente é três vezes mais
caro do que em 2006 (Michell, 2016). Sabendo que 20% de toda a atual demanda por fósforo pode
ser atendida pela recuperação a partir do tratamento de esgoto, algumas empresas têm direcionado
seus esforços na recuperação de comercialização de nutrientes, como por exemplo a Berliner
Wasserbetriebe, empresa de saneamento da capital alemã, que patenteou um fertilizante de alta
qualidade chamado Berlin Pflanze®, obtido a partir da extração de nutrientes do tratamento de
esgoto da ETE Waßmannsdorf. O produto é composto por magnésio, fósforo e nitrogênio na
proporção 12-5-23 e foi premiado em 2015 com o Prêmio GREENTEC. De acordo com a empresa,
o Berlim Pflanze® é cristalino, inodoro e é constantemente monitorado de acordo com os
regulamentos relativos a adubos. Os preços de venda do produto apresentados atualmente no site
da empresa são de EUR2,50/0,5Kg, EUR4,0/2,0Kg e EUR10,0/5,0Kg (Berliner Wasserbetriebe
2016).
De maneira similar, a Ostara Nutriente Recovery Technologies, empresa canadense sediada em
Vancouver, desenvolveu e patenteou um fertilizantes de liberação contínua a partir do tratamento
de esgoto em ETEs chamado Crystal Green®. O produto é composto por fósforo, nitrogênio,
magnésio e potássio na proporção de 5-28-0-10 e o investimento tem seu payback entre 5 e 10
anos. A empresa tem 14 instalações distribuidas entre América do Norte e Europa, sendo que 12
delas já estão em funcionamento. A empresa atua na Estação de Tratamento de Esgoto de
Hillsboro, Oregon, que em 2012 se tornou a maior instalação municipal de recuperação de
nutrientes no mundo, capaz de recuperar pelo processo chamado Pearl® aproximadamenteo 550
toneladas de fósforo por ano utilizando um sétimo da quantidade de energia necessária para
produzir a mesma quantidade de um fertilizante comum (Ag Link 2012). A Ostara adota um modelo
de negócio atraente para seus possíveis clientes, visto que se compromete a comprar todo o Crystal
Green produzido por um valor pré-determinado em contrato, para então revender aos produtores
de fertilizante. Neste mesmo mercado ainda podemos citar a Veolia Water Tecnlogies, com sua
tecnologia patenteada Struvia™ (Struvia), e a Suez Environment com seu processo Phosphogreen
(Suez Environment) cujas finalidades também são a reciclagem de nutrientes pela precipitação de
estruvita de águas residuárias. Muitas dessas empresas fazem parte do programa P-Rex, financiado
pelo 7th Framework Program (7FP), e cuja finalidade é incentivar o desenvolvimento de tecnologias
e pesquisas a respeito dos nutrientes recuperados de águas residuárias. Durante o P-Rex foi
desenvolvido o e-Market, uma plataforma não comercial desenvolvida para facilitar o
desenvolvimento de um mercado para nutrientes reciclados. Nessa plataforma, que já foi incluída