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pelo SNIS. Deve-se notar que os dados estão relacionados apenas à coleta de esgoto pela rede de

coleta de esgoto, e não cobrem o saneamento no local.

Esta análise aponta para as grandes diferenças regionais no Brasil, mas reforça o fato de que,

mesmo nas regiões mais desenvolvidas, a cobertura em termos de tratamento de esgoto está longe

de ser desejável. É necessário um esforço muito grande para melhorar estes índices. Apesar das

melhorias terem sido alcançadas nos últimos anos, a realidade ainda está muito longe do ideal.

Estima-se que, do total de 5.570 municípios no Brasil, cerca de 1.900 (34%) possuem ETEs

(estações de tratamento de esgoto). O número total de ETEs no Brasil é estimado em cerca de

2.800 plantas. Um levantamento realizado pela Agência Nacional de Águas (ANA) no Brasil em

2015, com dados (ainda preliminares e sujeitos a alterações) obtidos de 2.187 ETEs, indica que as

configurações de tratamento mais adotadas em termos de número de tratamentos (mais de 200

estações de tratamento em cada configuração) são, nesta ordem: Lagoa anaeróbica seguida por

Lagoa Facultativa; Reator UASB (Up flow Anaerobic Sludge Blanket); Lodos ativado; Lagoas

seguidas por lagoas de maturação; Tanque séptico seguido por filtro anaeróbico.

4.2 MODELOS DE NEGÓCIO DESENVOLVIDOS EM ETEs SUSTENTÁVEIS

Os resultados apresentados no trabalho de Von Sperling (2016) evidenciam que além de ter índices

baixíssimos de coleta e tratamento de esgoto, o país não tem optado nas últimas décadas por

tecnologias que tenham como objetivos secundários a recuperação e aproveitamento de insumos

a partir do tratamento de esgoto. Devido à escassez de recursos, os países têm considerado cada

vez mais as ETE não apenas como sistemas necessários para atender a um serviço básico e

gerador de despesas, mas como uma oportunidade de aproveitamento de seus valiosos insumos a

partir do tratamento de esgoto de modo a transformar as ETEs em verdadeiras unidades de

produção. Atualmente existe uma corrida tecnológica para desenvolvimento de tecnologias e

patentes que gerem vantagem competitiva às empresas que desejam explorar esses insumos.

Companhias de saneamento por todo o mundo tem diversificado suas fontes de receitas com a

vendas de água de reúso, energia (auto alimentação ou venda) e nutrientes reciclados dos

processos de tratamento, variando assim suas receitas que antes eram limitadas às cobranças de

taxa de coleta e tratamento do esgoto sanitário.

Maaß e Grundmann (2016) fizeram um estudo sobre o valor adicionado da ligação entre as cadeias

de valor gerados pelo reuso do esgoto tratado e do lodo gerado em plantações, assim como a

produção de biocombustíveis na cidade de Braunschweig/Alemanha, que mostra como o

aproveitamento de insumos provenientes do tratamento de esgoto podem gerar benefícios

econômicos, sociais e ambientais. Todo o esgoto gerado na cidade é tratado e então reutilizado nas

plantações locais. A água é rica em nutrientes o que gera economia para os agricultores pela menor

utilização de fertilizantes industriais, além disso, o próprio lodo gerado na ETE também é tratado e

reutilizado para enriquecimento do solo. Quem gerencia a utilização desta água e o fornecimento

do lodo é a própria associação local dos fazendeiros, que também utiliza parte das plantações para

geração de biocombustíveis. O estudo mostrou que os benefícios gerados são muitos, tanto para a

comunidade local como para o estado, como: diminuição dos custos de produção dos fazendeiros,

aumento da produtividade nas lavouras, aumento da coleta de impostos, aumento da geração de

empregos, economia de água, economia de energia, etc.

Vários outros exemplos semelhantes podem ser citados, como por exemplo a reforma na ETE de

Stoke Bardolph (Inglaterra) de 6,8 milhões de libras esterlinas utilizando o combinado dos processos

PHOSPAQ, BIOPAQ UASBplus e ANAMMOX recentemente realizada para torná-la mais eficiente.