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abordagem conceitual e analítica para sistemas sócio-ecológicos e oferece um quadro para a

gestão coordenada e utilização de recursos naturais em todos os setores e escalas (FAO, 2014).

O conceito de Nexus pode apoiar uma transição para a sustentabilidade, reduzindo trade-offs e

gerando benefícios adicionais que compensam os custos de transação associados a uma

integração mais forte entre setores. Esses ganhos devem apelar para o interesse nacional e

incentivar os governos, o setor privado e a sociedade civil a se envolverem (Hoff, 2011). A análise

baseada em evidências das interações Nexus e o desenvolvimento de cenários, visões estratégicas

e opções de resposta são realizadas através de um diálogo com as partes interessadas. Idealmente,

o processo de diálogo ajuda a tornar explícitos os diferentes objetivos, interesses e usos das partes

interessadas e oferece um processo para conciliar essas diferenças. Contribui para aumentar a

conscientização sobre a natureza interligada dos sistemas de recursos globais e construir bases

comuns entre as diferentes partes interessadas (FAO, 2014). A abordagem Nexus determina que é

necessário analisar de maneira holística qualquer tipo de investimento, visto que uma escolha

errada pode solucionar um problema porém criar outros.

4.1 ETEs SUSTENTÁVEIS E O QUADRO DO ESGOTAMENTO SANITÁRIO NO BRASIL

Com o surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável em meados dos anos 80 e as

crescentes preocupações ambientais devido ao rápido crescimento urbano, o conceito de cidades

ecologicamente corretas tem sido cada vez mais utilizado para o planejamento de espaços, assim

como para melhoria de cidades já existentes em termos de utilização de energia e emissão de CO2

(Stoltz, Shafqat e Lundqvist, 2014). As Cidades do Futuro ou Ecocidades representam uma grande

mudança de paradigma na forma como as novas cidades serão construídas ou as mais antigas

serão reequipadas para alcançar uma mudança do status insustentável atual para a

sustentabilidade, cumprir as metas de emissão de zero gases de efeito estufa (GEE), reutilizar e

reciclar a água e recuperar recursos, incluindo nutrientes (Novotny et al., 2010).

Ao analisarmos as mudanças que estão sendo planejadas e propostas para as cidades do futuro

baseadas nos conceitos de Desenvolvimento Sustentável, Economia Circular e Nexus, é importante

levarmos em consideração as Estações de Tratamento de Esgoto (ETE), que representam um

importante papel na disponibilidade dos recursos naturais nas cidades. As ETEs tradicionais têm

como objetivo principal o tratamento das águas residuárias e sua correta disposição. Entretanto,

nessa nova configuração das cidades em direção ao desenvolvimento sustentável, algumas

correntes da sociedade já estão exigindo mais das ETEs, para que auxiliem no combate à crise

hídrica (reaproveitamento e reúso de água), que sejam autossuficientes no consumo de energia

permitindo que mais energia elétrica seja disponibilizada à população neste momento de crise

energética, e que também recupere nutrientes que compõem as águas residuárias e que podem

aumentar e baratear a produção de alimentos.

Von Sperling (2016) em seu trabalho Urban wastewater treatment in Brazil em parceria com a

Agência Nacional de Águas (ANA), traça o atual quadro no esgotamento sanitário no Brasil. De

acordo com a pesquisa, em termos de cobertura dos serviços de saneamento no Brasil,

aproximadamente metade da população está conectada a um sistema de coleta de esgotos e cerca

de 70% dos esgotos coletados em redes são tratados. Em termos de fluxo, apenas cerca de 40%

do esgoto produzido é tratado. Os dados utilizados refletem a cobertura em termos de população e

volume associados à coleta de esgoto em 2013 no Brasil, com base nos questionários recebidos