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4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

4.1 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

4.1.1 Sustentabilidade urbana x Rios urbanos

De acordo com Cenci, Schonardie (2015) atualmente o termo “sustentabilidade” vem sendo usado

de forma indiscriminada, como um modismo que fomenta a onda verde, mas nem tudo que é “verde”

é necessariamente sustentável. Este termo pode abranger uma série de enfoques, como social,

econômico, ambiental, cultural, etc., sendo assim, o desenvolvimento sustentável, diferente do que

se apresenta, não necessariamente resultará em um crescimento econômico isolado e sim irá

questionar os valores da sociedade capitalista. Ele deve ir além e incluir as demais dimensões da

sustentabilidade abrangendo a erradicação da pobreza, o controle populacional, a proteção

ambiental, a proteção dos direitos fundamentais à vida, à saúde, à dignidade, ao desenvolvimento.

Seghezzo (2009) traz dimensões da sustentabilidade como um conceito para suprir as atuais

demandas da sustentabilidade com um entendimento mais abrangente, inclusivo e aplicável. Para

a ele este conceito deve ser entendido em termos de “lugar, permanências e pessoas”. O termo

‘lugar’ remete à cultura, à identidade, pois as pessoas veem o território como o lugar aonde vivem,

o território compartilhado remete à vida social. Reconhecer o lugar é reconhecer a necessidade de

sustentabilidade. O termo ‘permanência’ remete ao tempo presente e futuro, inclui mudanças,

planejamento a longo prazo, os efeitos futuros das atitudes de hoje, os nossos ideiais. O termo

‘pessoas’ é aplicado em termos corporais e espirituais exprimindo a existência humana, os seus

valores e a sua qualidade de vida através da relação do cidadão com o ambiente.

No Brasil, uma pesquisa realizada em 2008 com o intuito de mensurar o desenvolvimento

sustentável demonstrou a situação em que o país se encontra. O método de análise aplicado foi o

Barômetro da Sustentabilidade que inclui o bem-estar humano e ecológico, tendo analisado

diversos indicadores com resultados expostos em cinco escalas (insustentável, potencialmente

insustentável, intermediário, potencialmente sustentável e sustentável). O resultado mostra que

cenário brasileiro de bem-estar humano e social estão em situação intermediária, porém muito perto

do indicador potencialmente insustentável e conclui que o Brasil deve investir prioritariamente em

aspectos ambientais (KRONEMBERGER, et al., 2008).

A cidade de Passo Fundo, RS, se enquadra na situação descrita para o Brasil. Embora se fale sobre

sustentabilidade urbana, são poucas ações concretas adotadas que beneficiem os aspectos

ecológicos e ambientais da cidade e de seu rio. Para que isso ocorra é necessário incluir a

sociedade nas decisões que envolvem o futuro da cidade, tendo em vista que o território é resultado

da ação do homem e vincula-se diretamente com a produção geral da sociedade. As dimensões

social, ambiental e geográfica devem estar conectadas, integrando as pessoas ao espaço físico a

fim de estreitar a relação homem x natureza e melhorar a qualidade de vida no meio urbano (CENCI,

SCHONARDIE, 2015). Uma melhoria na qualidade ambiental do lugar traz benefícios diretos para

as pessoas que ali habitam e benefícios atemporais, atingindo o hoje e o amanhã. Reconhecer a

necessidade da requalificação e manutenção dos elementos naturais presentes no meio urbano é

valorizar o território, as pessoas e promover a sustentabilidade.

O descaso brasileiro com os rios urbanos se torna preocupante quando comparado com outras

políticas de valorização e uso adequado. É possível encontrar casos aonde já se inicia uma busca

por cidades mais ecológicas que respeitam a vida humana e a biodiversidade, mudando

drasticamente a percepção sobre o automóvel e suas longas rodovias. Esta busca inclui

intensamente os rios, afinal na maioria das vezes são os rios que atribuem a identidade às cidades.