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Figura 4
–Imagem de satélite do rio Passo Fundo.
Fonte: Google Earth adaptado do autor (2015).
O uso do solo ao longo do rio é predominantemente residencial, aparecendo por vezes mesclado com o uso
misto. As moradias mais precárias encontram-se nas margens dos rios aonde o mesmo não foi canalizado.
No trecho há pouca permeabilidade do solo, justamente aonde a área é mais urbanizada. Em relação à
paisagem junto aos trechos não canalizados, há falta de preocupação da administração urbana, sendo sua
situação de degradação, com aparência de abandono e depósito de resíduos. Assim, temos um rio que corre
em fundos de lotes e que foi deixado de lado em um processo de urbanização rápido e sem planejamento.
Há uma heterogeneidade de características nas margens do rio, como grandes vazios urbanos, acampamento
indígena, habitações irregulares de classe baixa e média, equipamentos de serviços e edificações comerciais
consolidadas. A característica mais forte do rio é a situação de abandono, a falta de consciência por parte da
população faz com que o rio também seja tratado como despejo de lixo.
Ainda que ações estejam sendo realizadas pelo poder público, há uma carência de ações preventivas que
tragam uma consciência ambiental e a proximidade da população com o meio natural, intervenções que
venham a estreitar a sua relação, que tragam como consequência a valorização do rio e um tratamento digno
para este recurso tão importante para a história da cidade e também para o abastecimento da bacia hídrica
como um todo.
A cidade em questão carece de requalificação urbana e um estreitamento com os seus recursos naturais,
Pellegrino et al. (2006) afirmam que um programa de recuperação ambiental e de paisagem junto à água
urbana avança além do nível da estética paisagística, ela fomenta a sustentabilidade socioambiental através
destes espaços abertos transformando os espaços públicos locais e com isso promovendo a exploração de
um novo paradigma, que alia a drenagem das águas com a recuperação dos ecossistemas locais e a
qualidade de vida urbana.
4.2.2 Reviver o rio para viver a cidade
Para reviver o rio é necessário propor alternativas para tratar a função ecológica, visando as
dimensões da sustentabilidade e a sua relação com o homem, trazendo benefícios para a cidade
que não modifiquem o seu caráter atual, além de oferecer aos cidadãos uma área pública de lazer
qualificada em contato com o rio da cidade, recuperando costumes e hábitos culturais que se
perderam com o passar do tempo graças ao crescimento descontrolado da cidade.
Segundo o manual europeu de requalificação dos ecossistemas aquáticos (BRACHET e
THALMEINEROVA, 2015) a restauração refere-se a uma variedade de práticas destinadas a
restaurar o funcionamento natural do rio e a permitir os seus usos sustentáveis e multifuncionais,
portanto a restauração do rio faz parte da gestão sustentável da água. Segundo o documento, é de
suma importância definir objetivos do projeto de intervenção para viabilizar o seu planejamento e
também atender as necessidades de todas as partes interessadas.
Desta forma é necessário cumprir atribuições em diversas escalas, envolvendo: a ecologia e
biologia, com o objetivo de potencializar os aspectos da paisagem da orla e reestabelecer a
diversidade ecológica ao longo do rio; a gestão da água, com o objetivo de preservar a qualidade
da água desde a nascente e promover o tratamento mantendo a sua qualidade no meio urbano; a