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4.2 O CASO DA CIDADE DE PASSO FUNDO
4.2.1 Levantamento de dados: o rio urbano
A cidade de Passo Fundo está geograficamente localizada no Noroeste do Estado do Rio Grande
do Sul, na região do Planalto Médio e se insere em uma área de 783,421 km² com uma população
de 184.826 habitantes. Passo fundo é uma cidade média polo de desenvolvimento socioeconômico
regional. Seu índice de urbanização chega a 97,45% da população concentrada na área urbana,
ocasionado pelo crescimento desordenado ocorrido principalmente na década de 1970, o que gerou
reflexos negativos ao meio ambiente, principalmente junto às áreas de preservação permanente de
importantes mananciais hídricos (IBGE, CENSO 2010). Esta cidade possui características comuns
em cidades brasileiras referentes à desvalorização do rio urbano.
A cidade é abastecida pela bacia hidrográfica do rio Passo Fundo e surgiu no início do século XIX
como passagem e parada de tropeiros que faziam o Caminho de Tropas e Mulas em busca do
caminho comercial para a província de São Paulo, antes chamado de “Boqueirão”, pois a região
dispunha de boa aguada advinda de seu rio. Historicamente, o rio foi testemunho de todos os
momentos históricos do município e constituiu também um local de lazer nas décadas de 40 e 50
(figura 3) as águas eram límpidas e cristalinas, as sombras agradáveis, a vegetação exuberante e
aconchegante (MELO, 1998). Atualmente o Rio Passo Fundo o rio mais importante que corta a
malha urbana do município e possui uma extensão total dentro da cidade, de 52,5 km, sendo 3,9km
de extensão no perímetro urbano.
Figura 3
–Rio Passo Fundo, próximo à ponte, em 1952.
Fonte: Miranda (2005), apud Corazza (2008).
Na imagem de satélite do trecho central do rio (figura 4) podemos observar claramente que o impacto da
urbanização ocorre em toda a sua extensão. De acordo com Corazza (2008) 60% do rio encontra-se
canalizado e juntamente com a canalização, houve o aterro do leito dos rios. Em muitos pontos a drenagem
é ineficiente, ocasionando alagamentos durante as chuvas. Na maioria dos locais em que os córregos não
foram canalizados, as áreas de preservação permanente ao longo dos leitos estão ocupadas irregularmente,
principalmente por residências que lançam o esgoto sem tratamento nos corpos d’água e contribuem para o
acúmulo de resíduos sólidos no rio.