614
Em Paris, no ano de 2013, 46 anos depois da inauguração da via às margens do rio Sena. As
autoridades locais voltaram atrás e iniciaram a sua retirada em determinados trechos, devolvendo
05 hectares à população para uso exclusivo de pedestres, além da ação para despoluir o,
mostrando que a natureza e a tecnologia devem caminhar juntas para alcançar o desenvolvimento
sustentável. Como ilustrado na figura 1, parques, caminhos verdes, jardins flutuantes, quadras
esportivas, ciclovias e equipamentos urbanos foram inseridos junto ao rio aumentando a relação da
população com a água (FONTENELLE, 2013).
Figura 1- A
e
B
: Revitalização do Rio Sena.
Fonte: Internet. Disponível em:
<http://paixaoporparis.blogspot.com.br/2012_04_01_archive.html> e
Archdaily. Disponível em:
<http://www.archdaily.com.br/br/01-75797/paris-devolvera-a-orla-do-sena-aos-pedestres> respectivamente. Acesso em 15 out. 2014.
Em Portugal, a cidade de Agualva-Cacém mudou o curso de sua história entre os anos de 2001 à
2009. Com uma atuação estratégica sobre o espaço público, a cidade realizou intervenções
integradas de reformulação das acessibilidades internas e interligação com centralidades
envolventes, valorizando os elementos naturais estruturantes da cidade. A intervenção central foi a
requalificação do sistema ambiental criado pela ribeira das Jardas em articulação com os parques
verdes, transformando em canal verde - parque linear - e promovendo o equilíbrio ecológico da
cidade. Além de paisagismo, drenagem, iluminação e plantações, se inseriu a regularização fluvial
em todo o percurso do rio através da inserção de patamares de contenção da água e a aproximação
das pessoas (COELHO, 2012).
Os desafios do século XXI trazem soluções que focalizam a dimensão humana, assim, as aeras de
pedestres devem ter a função social que contribui para uma sociedade democrática a fim de
desenvolver cidades vivas, seguras, sustentáveis e saudáveis. A preocupação com a vida na cidade
deve garantir que os moradores se sintam convidados a caminhar e pedalar juntamente com a
realização de suas atividades cotidianas (GEHL, 2010). Para alcançarmos este patamar deve-se
haver uma integração sistêmica dos componentes urbanos com os ecossistemas nativos e com o
homem contemporâneo, além de tomar como exemplo as ações realizadas em países
desenvolvidos que nos demonstram que podemos e devemos voltar atrás derrubando as certezas
do passado.
Reintegrar os rios urbanos na paisagem e fornecer uma relação humana com a água de forma
includente são desafios para as cidades brasileiras. Esta revitalização fortalece a cultura local e
ainda devolve parte da natureza pertencente ao território para o desfrute de todos. Revelar os rios
em meio à cidade é buscar uma volta ao passado, é retomar uma cultura que está na memória
coletiva. É dar oportunidade à população de participar da cidade, de unir os fragmentos deixados
pelo século passado.