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“Acredita-se que com maior valorização e incentivos aos pequenos

agricultores é possível inovar o trabalho, tornando-o mais “leve”, assim

fazendo com que novos agricultores sintam a necessidade e

percebam a importância de ter alimentos e produtos de qualidade, sem

a total utilização de agroquímicos como herbicidas, inseticidas,

pesticidas e fungicidas, tais substâncias que provocam uma série de

problemas a saúde publica”.

As questões relacionadas a renda aparecem em quarto lugar entre as razões da saída dos jovens.

Abramovay (1998) afirma que 40% dos jovens (homens) responderam ser a questão das

oportunidades de renda uma das dificuldades em permanecerem nas propriedades. Silvestro (2001)

mostra que, sobretudo entre as famílias de menor renda, a contribuição dos filhos que partiram

para o orçamento da casa de origem é bastante frequente e significativa”

. Levando-se em

consideração os dados do gráfico da figura 3, onde 30% respondem ser a oportunidade de renda

uma das razões dos jovens saírem do campo, percebe-se que este fator vem diminuindo de

importância no contexto geral dos processos de sucessão nas unidades familiares na região. O fator

de renda, que teve melhora na agricultura familiar da região neste inicio de século, parece também

estar relacionado ao baixo numero dos que responderam ser a saída provocada pelo numero maior

de oportunidades na cidade (16%).

O acesso à educação superior e técnica, na opinião dos jovens, esta em muitos casos forçando a

saída dos mesmos pela incompatibilidade entre formação e as atividades na agricultura. Temos

aqui dois fatores operando para esta realidade, por um lado, as escolhas dos cursos realizadas

pelos jovens, por outro lado, a oferta de cursos superiores e técnicos que não atendem as

necessidades de formação necessária à agricultura familiar. A educação é apontada

permanentemente como um elemento importante para a permanência no campo, mas pela oferta

não estar adequada com as necessidades, se torna fator de saída.

Entre as razões importante para a permanência dos jovens na agricultura destacam-se um conjunto

de respostas vinculadas a questões de âmbito pessoal, individual. 18% dos pesquisados apontaram

que para a permanência é necessário que o jovem

“tem de ter amor pela vida no campo

”,

“gostar

do que está fazendo

”,

“querer ficar na propriedade e dar continuidade no que já tem e aprimorar

com outras atividades que gostaria”, “empenho e dedicação”

, “

ter senso próprio e buscar meios

viáveis” e “acreditar que dias melhores virão”.

Considerando-se estes elementos e a questão do

reconhecimento, apontado pela ampla maioria, e ainda outros motivos como, qualidade de vida,

não ao preconceito e igualdade, apontam para a dimensão da pessoa no âmbito da sustentabilidade

do modo de vida na agricultura familiar. Isto fica claro na fala de uma jovem no 8º módulo do projeto:

“Quando o jovem demonstra pra família o interesse em continua, a

própria família... como ele

(jovem)

busca qualificação, o pai dele busca

cursos, então tudo isso melhora a relação da família. E com certeza

facilita muito para a sucessão familiar. Muitas vezes isso não ocorre,

o jovem não demonstra interesse, talvez por não ver as possibilidades,

oportunidades. E a família fica com o pé atrás. Será que vale a pena,

será que não vale”.

Em resumo, para a juventude participante da pesquisa, a maioria demonstra o desejo de

permanecer na atividade rural, apontam o desejo de continuarem estudando, veem a saída da

juventude do campo relacionadas a falta do reconhecimento da agricultura familiar pela sociedade