275
poluidor–pagador, que dita a necessidade de as atividades potencialmente causadoras da
degradação do meio ambiente internalizarem todos os custos ambientais decorrentes de seu
funcionamento (MOREIRA, 2015). Através da identificação dos aspectos e impactos ambientais
das atividades desenvolvidas ao longo do ciclo de vida dos edifícios podem ser verificadas várias
oportunidades de influências positivas dos projetos arquitetônicos (DEGANI e CARDOSO, 2002).
Blengini (2009) exemplifica este conceito ao citar que “a seleção dos materiais, a concepção dos
elementos e a escolha das técnicas de construção podem reduzir significativamente os encargos
ambientais que podem ser atribuídos à eles (...)”.Bueno, Fabrício e Rossignolo (2011) citam ainda
que dentre as estratégias e técnicas utilizadas no Desenvolvimento de Produtos Ambientalmente
Sustentáveis, como o DfE (Design for Enviroment, EEA- Enviromental Effect Analysis) e QFDE
(Quality Function Deployment for Environment), a ACV destacou-se emergindo como um método
reconhecido, sendo a base para a criação de diversas ferramentas de avaliação, considerada por
sua excelência para análise e escolha de alternativas.
4.3. Estudos de Caso
Complementarmente a pesquisa, foram utilizados seis trabalhos publicados em 2016 na aplicação
da ACV como metodologia para escolha de produtos e sistemas construtivos da construção civil.
Dados gerais como objeto, abordagem de ACV, fronteiras do sistema, metodologia, softwares
utilizados e inventário dos dados são apresentados na tabela 2.
A. Formas para sistemas de paredes de concreto (ACVE)
– Valle et al (2016) compararam três
tipos de formas utilizadas em sistemas de paredes de concreto armado (alumínio reciclado
extrudado, forma plástica, compensado plastificado), com a abordagem da ACVE (Avaliação do
Ciclo de Vida Energético), na fase pré-operacional, sendo a avaliação realizada baseada no
cálculo da EIT (Energia Incorporada Total) associada aos custos e possibilidade de reutilização
das formas. Para o cálculo da EIF (Energia Incorporada de Fabricação) foram levantadas e
consideradas estritamente o consumo de materiais e fatores energéticos das formas utilizadas. Já
para o cálculo da EIT (Energia Incorporada de Transporte), considerou-se dados como a utilização
de caminhões a diesel, a distância das fábricas ao canteiro fictício da habitação objeto da
pesquisa, além de dados da literatura que indicavam o consumo de combustível. Como
metodologia, foi realizada pesquisa bibliográfica, associada a escolha de projeto arquitetônico
(habitação hipotética nos moldes padronizados da Caixa Econômica Federal), especificação do
sistema de paredes de concreto e cálculo da energia incorporada total, além dos custos de cada
opção, além da especificação da espessura mínima baseada na ABNT NBR 15575-4:2013.
Concluiu-se então que a forma de compensado foi a que apresentou o menor valor de energia
incorporada, seguida pela de alumínio e a de plástico. Quando considerado o fator de
reutilizações e custos, a forma de alumínio mostrou-se mais adequada.
B. Telha termoacústica de poliestireno expandido X Telha cerâmica Plan (ACVE)
- Caldeira,
Sposto, Caldas (2016) avaliaram em sua pesquisa a Energia Incorporada Total (EIT) de uma
edificação habitacional unifamiliar em quatro cenários: uso de telhas termoacústicas de
Poliestireno Expandido ou telhas cerâmicas Plan, ambas com ou sem laje de concreto. Como
metodologia, foi realizada a escolha do modelo arquitetônico (atendendo as especificações
mínimas definidas pelo Programa Minha Casa, Minha Vida), sistemas de cobertura (tipos de
telhas, com ou sem laje) e cálculo das energias incorporadas em cada fase escolhida para o
estudo (pré-operação, uso e manutenção). O processo produtivo das telhas utilizadas nos
cenários, em função dos processos de fabricação (forno à lenha x indústrias) são fatores de
grande influência. A telha cerâmica, fabricada em fornos à lenha, contribui menos na EII (Energia
Incorporada Inicial). Constatou-se também que os cenários com laje de concreto apresentaram
maior EII (Energia Incorporada Inicial) em função do volume e alta densidade e que o consumo