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2011

manutenção das Áreas de Preservação Permanente no meio urbano é essencial para a garantia da

qualidade de vida da população, para a preservação de diversos ecossistemas e exemplares de

fauna e flora e para a manutenção da paisagem das cidades. Além dessas funções, Áreas de

Preservação Permanente são benéficas porque: amenizam a poluição atmosférica e sonora bem

como a temperatura nas cidades, evitando as chamadas ilhas de calor; auxiliam na proteção dos

recursos hídricos, evitando enchentes e secas; garantem a fixação do solo nas encostas e morros;

abrigam espécies animais ao formarem corredores ecológicos; acolhem funções recreacionais e de

lazer; etc.

Dentre os diversos ecossistemas contemplados pelo Código Florestal como Áreas de Preservação

Permanente, este trabalho centrará atenção no manguezal devido à importância que esse

ecossistema desempenha no município de Vitória – Espírito Santo, Brasil –, objeto empírico aqui

analisado. O manguezal é um ecossistema que está presente nas faixas de transição entre o

ambiente terrestre e marinho e é constituído por espécies lenhosas típicas, micro e macroalgas,

adaptadas à alteração dos níveis de salinidade e teor de oxigênio (NOVELLI, 1995). O manguezal

desempenha diversas funções econômicas e ecológicas, dentre as quais se destacam: a proteção

da linha da costa, pois sua vegetação funciona como barreira evitando a erosão gerada pela maré

e por processos eólicos; a retenção de sedimentos carregados pelos rios, pois as partículas

carregadas se aderem ao substrato do manguezal, formando um ambiente com rica matéria

orgânica; a ação depuradora, porque funciona como filtro onde as bactérias trabalham a matéria

orgânica sedimentando partículas contaminantes e metais pesados. Além disso, contribui para a

concentração de nutrientes, pois recebe águas ricas vindas dos rios e do mar; a renovação da

biomassa costeira, pois apresenta condições ideais para a reprodução e desenvolvimento de formas

jovens de várias espécies; a manutenção da diversidade biológica ao funcionar como área de

alimentação, abrigo, nidação e repouso de aves; a exploração das belezas naturais e de paisagens

diferenciadas que podem incentivar o turismo ecológico (ALVES, 2001).

Todos esses fatores reforçam a importância da preservação das áreas de manguezal, tanto em

meio rural quanto urbano, numa perspectiva diretamente inserida na tríade do desenvolvimento

sustentável, relacionada à equidade entre as esferas ambientais, sociais e econômicas (CANEPA,

2007). A perspectiva econômica trata de modelos de desenvolvimento que relacionem produtividade

e rendimento às condições de vida em sociedade; a social diz respeito aos valores sociais e culturais

e à justiça na distribuição de custos e benefícios do desenvolvimento; e a ecológica diz respeito à

manutenção dos ecossistemas do planeta em longo prazo. Porém, a despeito da citada importância

da proteção e manutenção dos diversos ecossistemas como os manguezais, nota-se que os

modelos de urbanização vêm priorizando o âmbito econômico e relegando as esferas ambiental e

social a um arriscado segundo plano.

O município de Vitória conta com uma grande área coberta por manguezais (conforme ressaltado

na Figura 1), que cobre grande parte de suas porções insular e continental, e que abriga o complexo

estuarino do manguezal do Lameirão, hoje delimitado como uma Unidade de Conservação, a

“Estação Ecológica Municipal Ilha do Lameirão” (EEMIL), que responde por sua proteção e

fiscalização por parte do poder público.